[CL] Tripulação Raiders

Mais um relatório no Dexit: Era quatro da manhã quando fomos forçados a despertar com um grito estridente reproduzido pelo Chatot que pertencia ao nosso treinador. Todos acordaram assustados, e não é pra menos, acredito que qualquer um que estivesse sujeito a isso não levantaria tranquilamente, sequer teria motivos para manter o alto astral pelo resto do dia. Ôh vida de cão, hein? O pior é que já devíamos estar acostumados com isso porque não é a primeira vez, só que ele sempre arruma um jeito diferente de nos despertar, pra vocês terem uma ideia, uma vez ele fez com que o seu Dhelmise sugasse todos nós da cama e "teleportasse" instantaneamente para o leito do mar no porto através de um Phantom Force. Imagina a nossa cara caindo do nada na água gelada em plena manhã?! Isso lá é coisa que se faça?! Bem, de qualquer modo, não podemos reclamar... apesar do tratamento não ser tão engajado, devo reconhecer que temos sim alguns privilégios e eu estou contente por fazer parte da equipe que meu pai já esteve um dia.

Tão vendo esse cara grande e carrancudo? Pois é, ele é o nosso treinador, senhor Mavio Matraga. Um homem rígido e de humor ácido, está sempre dando ordens e detesta ser contestado, principalmente se você for um jogador de Rank D... experiência própria. Mas não se deixem enganar por esse semblante antipático, ele tem um bom coração, demonstra afeto e preocupação através de pequenos atos que a princípio podem parecer insignificantes, mas que no fundo possuem um grande valor.

Para ele, conhecimento é a chave para a excelência, então está disposto a lapidar a mais bruta das joias: de amadores para atletas profissionais. Sobre sua vida pessoal, pouco sabemos, apenas que além de técnico do time, ele também é dono de uma das maiores pousadas da cidade; fora isso... o homem não é do tipo que se abre muito, sabe? Mas uma coisa é certa, ele tem algum grau de amizade com o líder de ginásio de Limford, pelo menos é o que dizem por ai.

Bom, já faz mais de três semanas que cheguei a essa cidade com os outros quatro companheiros da divisão D do time, e não sei quanto a eles, mas eu não tenho estado nem um pouco satisfeito com esse lugar, a começar pelo prédio onde é a sede da Team Raiders, tudo bem que ele é enorme cobrindo metade de um quarteirão retangular, mas é como se estivéssemos morando dentro de uma mansão antiga, há poucos sinais de modernidade, saca? É claro, digo isso no ponto de vista até onde nós, atletas de Rank D podemos explorar, infelizmente temos muitas limitações de espaço e acredito que o melhor desse prédio esteja reservado aos atletas de divisões maiores. Para a gente? Um quarto único dispondo de beliches e algumas cômodas, refeitório e banheiro coletivo, os únicos lugares onde podemos esbarrar com outros jogadores ocasionalmente é no salão de convenções, recepção, escadarias (porque não temos acesso aos elevadores) e no campo gramado ou quadra que fica localizado num espaço aberto no centro do prédio. Falando nisso... é para o campo que o Chatot falastrão nos instruiu a ir, estabeleceu tempo e tudo, é claro que ele só está repetindo o que o técnico mandou.

Chegando ao campo apenas em corpo, porque o espírito ficou lá deitado na beliche, coçava os olhos, tentava conter os bocejos para manter uma postura de que estou despertado, afinal, lá estava ele nos esperando... o técnico, Mavio Matraga. Parecíamos soldados diante do general e mesmo com toda a disciplina, o olhar debochado dele somado a fumaça do cigarro que insistia em jogar na nossa cara, cortava qualquer estímulo que eu tinha. Quando a assistente dele (que também é a sua filha) chegou, finalmente ele abriu a boca pra dizer alguma coisa que, como de costume, foi ríspido e direto, parecia até um enigma.

— Tem ratos no meu campo. Livrem-se deles. — Tragou o cigarro, expeliu a fumaça na gente e saiu. Assim, sem mais. Ao menos a voz firme dele manteve acordado quem ainda ousava se dispersar - inclusive eu hehe.

Com aquela curta instrução e deixando a gente sobre os cuidados de sua assistente, Aghda Matraga, entramos no campo percebendo a ingrata sensação de calafrios com a alvorada nublada. O campo de grama sintética era grande e boa parte dele estava coberta de orvalho evaporando lentamente e levantando uma fina bruma. Nas arquibancadas, alguns atletas de Rank C se faziam presentes, devidamente agasalhados e uns curiosamente ostentavam uma câmera. Quando voltei a minha atenção ao campo, lá estavam eles... cinco, exatos cinco Azurill em cantos aleatórios sobre a grama, saltitando de maneira inocente. "É só isso?", disse um dos meus colegas imaginando o quão fácil seria pegar um pokémon tão singelo como aquele. Já eu? Bem, a julgar pela nossa "plateia" e a urgência pelo qual fomos chamados, acredito que isso seja bem mais do que uma ordem ínfima, pois, assim como tudo o que o técnico já nos submeteu anteriormente, esse aqui também não deixaria de se tratar de um teste. Esses testes são na verdade parte do nosso treinamento como atletas, e bem, eles nunca são tão simples quanto parecem ser..

"Quando voltei a minha atenção ao campo, lá estavam eles... cinco, exatos cinco Azurill em cantos aleatórios sobre a grama, saltitando de maneira inocente. "É só isso?", disse um dos meus colegas imaginando o quão fácil seria pegar um pokémon tão singelo como aquele. Já eu? Bem, a julgar pela nossa "plateia" e a urgência pelo qual fomos chamados, acredito que isso seja bem mais do que uma ordem ínfima, pois, assim como tudo o que o técnico já nos submeteu anteriormente, esse aqui também não deixaria de se tratar de um teste. Esses testes são na verdade parte do nosso treinamento como atletas, e bem, eles nunca são tão simples quanto parecem ser..."

Minha suspeita só se tornou real a partir do momento em que Aghda nos disse que tinha um tempo limite para "limpar o campo", e ele começou assim que ela terminou de falar, então tínhamos que ser rápidos! Nos entreolhamos e juntos adentramos o extenso campo. Ele estava úmido, consequentemente escorregadio, nenhum de nós estava com roupas apropriadas, do mesmo jeito que pulamos da cama viemos pra cá. Nada bom... já podia sentir o frio tomar conta, se eu não fosse rápido logo logo estaria com os dentes trincando. Nossos espectadores ousavam a "torcer" e nos apressar, então as câmeras eram pra gravar nossos possíveis erros? Puta merda, ainda corro risco de virar meme na internet?! De todo modo, saquei a pokéball do Scrooge para que ele pudesse me ajudar nessa tarefa. Enquanto o sapo saía do seu descanso, os meus colegas já iniciavam suas respectivas ações escolhendo um Azurill como alvo.

— Certo Scrooge, temos 30 minutos pra pegar apenas um Azurill, ok? — Ainda assim minhas palavras não eram reconfortantes para o Croagunk que foi forçado a despertar. Estávamos quites então. Como sinal de preparo, o anfíbio começou a mascar o seu chiclete e apontou para o alvo mais próximo, um Azurill no canto esquerdo do campo. — Salte até ele e use o seu Poison Sting, isso deve bastar...

Mas eu estava errado.

Ele saltou mesmo até lá e foi formidável, mas o que mais me deixou surpreso foi a reação instantânea do roedor que não só desviou das agulhas venenosas, como também conseguiu saltar mais alto que o próprio adversário. Incontestável que fiquei boquiaberto. O pequenino azulado aterrissava graciosamente e caçoava um Tail Whip para seu atacante como resposta a investida anterior. Estranhamente eu não fui o único a me espantar por ali, pois, todos estavam em maus lençóis com os objetivos tão esguios. Nenhum pokémon naquele campo estava preparado para encarar o poder de salto das criaturinhas que naturalmente sobrevivem assim, eles nasceram pra isso. E o cenário estava prestes a piorar... não bastasse eles alcançarem até 10 metros de altura, agora ajudavam entre si repassando energia uns aos outros com uso de Helping Hand. Em cada gracioso grunhido, um cintilar dos pelos denunciava a tomada de energia, em seguida eles davam o contra-ataque. Se saltar 10 metros já é digno de mérito, imagine quase o dobro disso? Pois é, agora eles conseguem. Num característico impulso para a execução de um Bounce, o Azurill desaparecia em meio a neblina da alvorada sem deixar rastros de onde exatamente ele iria cair.

— É sério isso?! — Intrigado, esforcei as vistas para identificar alguma coisa na neblina até finalmente ver a silhueta do roedor caindo rapidamente. — Scrooge, evasiva! — Assim, foi graças a agilidade que ele conseguiu escapar de um bom dano. Te assusta se eu disser que a queda da bolotinha levantou poeira? Então... Tirei até uma foto do gramado amassado na região do impacto pra postar no Dexit. Enquanto isso, a nossa plateia se divertia vendo os calouros pagando mico com criaturinhas fofas, porém, perigosas. Trinquei os dentes e por um instante pensei nas coisas que estudamos semanas atrás; sim, a gente lê pra caralho aqui, eu detesto estudar, mas fazer o que? Achei que ser atleta fosse simplesmente "botar pra quebrar", mas não... temos que estudar biologia, matemática, linguagem, essas coisas sabe? E numa dessas eu lembrei que a linha evolutiva do Azurill possui uma habilidade que deixa sua massa muscular mais rígida para potencializar o ataque, o que em certos casos também serve como defesa. Puxei a Pokédex e Bingo! Eis que não só esse Azurill, como todos os outros tinham Huge Power como habilidade. Isso, somado ao fato deles estarem se ajudando com Helping Hand só vai dificultar as coisas para nós. Se eles estão agindo em equipe, precisamos agir também!

Para livrar que mais gente levasse uma rabada daqueles pokémon - como dois de nós já levaram e arrancaram gargalhadas dos Rank C - sugeri uma rápida reunião estourando na metade do tempo limite. Expliquei a situação e disse precisamente que primeiro teríamos que vetar de algum modo o uso do Helping Hand por eles, felizmente todos os nossos pokémon tinha algum movimento pra isso. Ótimo. O próximo passo seria mantê-los a mais tempo possível no solo, assim, dei como sugestão usar movimentos de prioridade. Com um plano em mãos, era hora de colocar em ação. Gritamos em uníssono "Vai Raiders!" como se estivéssemos numa partida oficial e cada um foi desempenhar a sua função.

Voltei ao Azurill de antes, dessa vez antes dele pensar em repassar a energia para os demais, travamos ele com um eficaz Taunt; o resto da equipe abusou de Disable, Imprison e outros movimentos do gênero. Agora sem mais auxílio em equipe, restava deixá-los por mais tempo no solo, um Sucker Punch foi o bastante para não só impedir que ele saltasse, como também para investir num ataque mais próximo, sendo assim, Poison Jab finalizou o serviço mostrando ser super efetivo contra o roedor azulado. Caminhei cuidadosamente sobre o gramado úmido pelo orvalho e me agachei para segurar a criaturinha enfraquecida. Eu estava no dentro do prazo, restava apenas dez minutos para findar o desafio, mas agora eu não precisava mais me preocupar... pelo que pude perceber, ninguém mais está tendo trabalho com isso.


— Parabéns a todos. Vocês foram muito perspicazes. — Aghda contabilizava cada Azurill entregue, eram selvagens e em breve seriam devolvidos em segurança ao seu devido habitat. — No entanto...

Com aquela frase, o repentino silêncio e tensão.

— Esse só foi o primeiro treino de hoje. Um aperitivo, diria. Não façam planos, hoje teremos um intensivo. — Ela colocou-se a frente de um dos meus colegas, ficaram olho no olho, era impressionante como a filha supria totalmente a ausência do pai. — Carl, você foi o último a pegar um Azurill e também quase estourou no tempo. Você fica! Vai pagar com uma bateria de exercícios antes do café da manhã. Os demais estão dispensados! Quero vocês de volta aqui as 9h.

Que barra para o Carl, hein? Ele costuma ser meio lerdinho mesmo, um típico Stalehelm Alfa. Enfim, tudo o que eu mais preciso agora é uma ducha bem quente, comer e descansar, porque depois do que a "Coronela" disse, certamente que o dia vai ser longo...

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Dados escreveu:Azurill

— Pa-Patrocínio!? — Disse atônito, ainda desacreditado dessa inesperada notícia.

O fato é que logo pela manhã fomos pegos de surpresa com a notícia de que um empresário de pequenos negócios queria nos patrocinar. A princípio meu espanto pode parecer besteira, mas se liga, não é! Bom, a Team Raiders é uma equipe que contempla cinco divisões: D, C, B, A e o raríssimo S. Cada divisão dessa possui patrocinadores próprios, portanto, um patrocinador dos jogadores do Rank C não contribui em nada para os de Rank D ou superiores, entende? Com isso, nós de Rank D somos pouquíssimos procurados por gente assim, temos apenas alguns contáveis patrocínios e é claro que aumentar o número é muito favorável.

— Jake, como fã do seu pai, o olheiro exigiu que ver você no treino de demonstração. Fui clara? — Engoli a seco. Novamente Aghda estava a frente do nosso treinamento substituindo o Sr. Matraga; normal, ele deve estar cuidado de negócios mais importantes para os jogadores de elite. Enfim, fiquei surpreso pelo fato do misterioso olheiro ter me escolhido como alvo para o seu parâmetro de avaliação. — Não fique nervoso, vamos simular um jogo simples, ok? Você e Thomas, já pro campo. Os demais, façam exercícios na quadra.

De volta ao campo de grama sintética, o empresário estava a nossa espera para me conhecer. Era um homem alto, magro, nariz acentuado e portava um estranho bigode minúsculo no buço, não usava roupas elegantes e sequer tinha "pinta" de empresário, parecia sei lá... dono de uma funerária. Antes mesmo que eu me apresentasse ele já foi logo de aproximando, invadiu o meu espaço e agarrando as minhas mãos dizia estar emocionado por conhecer o filho do fabuloso Farell Williams, em seguida me envolvia num abraço cheio de afeto como se eu fosse o próprio afilhado dele. Foi constrangedor, mas a julgar pela expressão da Aghda eu sabia que tinha que manter a postura. Ele se apresentava como Oscar Moriaty, não deixou muito claro a qual companhia ele pertencia, estava tão ansioso que não se cansava de me ofuscar contando sobre o talento que meu pai tinha, sobre seus jogos e conquistas, e eu ali... segurando tudo com um sorriso forçado. Já deu pra sentir que o peso dessa proposta estava todo em minhas costas, meu conforto é que vou lutar contra um dos meus colegas, bem, não que eu já seja íntimo de todos eles, ainda mais o Thomas que tende a ser competitivo. Deve estar odiando todos os holofotes sobre mim enquanto ele fica ali atrás só observando. Posso não ser paranormal, mas eu não senti boas coisas vindas disso.


A partida de demonstração está para começar, a característica chuva de Limford se fazia presente naquela manhã nos acalentando com uma potência leve, apenas para refrescar. O gramado molhado é sempre um risco para deslizes, mas tanto eu, quanto Thomas estamos devidamente fardados. A IA juiz da partida passava as regras do amistoso, sabe-se que em jogos oficiais de PokéMatch não existem regras fixas, para cada arena um regramento diferente, tal como a ambientação. A arena de Limford é conhecida pelo clima chuvoso e intenso que perdura o jogo inteiro, então nada mais justo que trazer um pouco dela para esse combate. Tínhamos um tempo limite de 50min, e como regra principal de eliminação: O pokémon que levar três hits ou que for nocauteado primeiro, tem sua derrota decretada. Agilidade é o trunfo para vencer, felizmente meu Scrooge tirava isso de letra.

— Vamos lá, Scrooge! — Liberei o anfíbio venenoso que já entrava em campo mascando seu chiclete. Thomas, por sua vez, lançou um pequeno Mantyke sem comentários, ele estava focado em me vencer, dava para ver em seu olhar. — Comece com Taunt, depois siga-o disparando Poison Sting!

De maneira perspicaz, Croagunk conseguiu irritar o adversário com seu movimento infame, contudo, Mantyke se conteve e esperou que seu dono fizesse alguma coisa, mas Thomas não reagia no primeiro momento. Sendo assim, as agulhas venenosas perfuravam o corpo azulado do peixe e por sorte ainda deixava-o envenenado. Nesse instante, Thomas abriu um sutil sorriso de canto e finalmente falou alguma coisa.

— É... eu me enganei esse tempo todo. — Passou a mão sobre os cabelos esverdeados, em seguida me lançou um olhar firme e despejou sobre mim tudo o que aparentemente estava guardado na sua goela desde que nos conhecemos: — Você não tem mesmo o talento do seu pai, Jake.
— Ahn? Do que você tá falando, cara? Só foca na batalha, valeu? — Retruquei. Ele sorriu.
— Focar na batalha, sei... Bom, se não percebe, eu estou com a vantagem aqui, então não fique feliz por ter atingido uma vez o meu Mantyke. Se pensa em nos derrotar com a "agilidade" ridícula do seu Croagunk, então é melhor voltar para os livros de biologia e estatística.

Sinceramente não entendo porque ele está se vangloriando tanto, afinal, enquanto gasta a lábia com provocações, o seu pokémon está sofrendo lentamente com o veneno no corpo. Eu não vou deixar que essas palavras me abalem, continuei a dar os comandos para o Scrooge, não podemos fazer feio frente ao olheiro, certo? — Scrooge, avance com uma sequência de Poison Jab! — Como um verdadeiro ninja, Croagunk envenenava suas patas e partia em direção ao peixe que, surpreendentemente, evadia todas as investidas do anfíbio. A habilidade do Water-Type entrava em ação e conforme a chuva caia, a sua velocidade era dobrada dando a ele uma movimentação e reflexos incríveis. Com a proximidade e valendo-se do esforço de Croagunk, Thomas aproveitou a brecha para comandar um Wing Attack, um movimento super eficaz e que contabilizou o primeiro ponto da partida para ele. Estamos empatados agora.

— Eu disse... — Comentou em tom de deboche — Ainda tem muito mais de onde esse veio. Mantyke, termine isso com Air Slash!
— Scrooge, concentre-se em desviar deles e use o Venoshock!

Não foi fácil, mas ele conseguiu escapar da primeira lâmina com uma cambalhota, já na segunda ele não teve sucesso. Mais um ponto para o Thomas, todavia, Venoshock também fazia o seu trabalho liberando impulsos que, devido ao prévio estágio de envenenamento do Mantyke, causava danos mais severos. Novamente, empatados. Assim como Limford, aquela batalha já estava ficando monótona, meu adversário não estava entregue ao combate, ele apenas queria acabar comigo numa disputa de egos, só que eu não vou cair nessa! Nesse mundo de atletas existem tantos iguais a ele, talvez piores, honestamente não esperava ter um possível rival dentro da própria equipe. Agora foco! O prazo está acabando e preciso que meu trunfo me mantenha dentro da jogada por mais tempo, Thomas está tão cego pela sua inveja que nem percebe o quanto Dry Skin e Black Sludge tem nos favorecido desde o início, então não importa se ele está carregado de movimentos super efetivos, Scrooge sempre vai ter vitalidade para se recuperar e superar os atos falhos de antes.

— Só preciso de mais um golpe... — Pensei, observando o tempo passar numa tela projetada pela IA. Da arquibancada, Oscar parecia vidrado no combate que sequer está sendo emocionante, eu já perdi a estima desde que fui escolhido por ele só por causa do meu pai. Até quando vou ficar à sombra dele?! — Sucker Punch!!! — Ordenei com os punhos fechados. Só que para a minha infelicidade, o Mantyke já tinha se livrado do efeito do Taunt o que permitiu a ele executar um astucioso Agility. Se antes já estava complicado enxergar o peixe se mover pelo campo, agora era praticamente impossível acompanhá-lo. Croagunk não conseguia encontrar uma brecha e em menos de um minuto o pokémon manta pegava impulso para desferir o que parecia ser um Bounce. Se aquilo acertasse o Scrooge, de acordo com as regras da partida estaria acabado pra mim. Como se fosse um míssil, Mantyke passeava pelo campo, planando em manobras velozes sem entregar por onde viria a colisão. Já Croagunk tentava acompanhar com os olhos, talvez se sua habilidade fosse Antecipation ele teria um melhor desempenho nisso, mas tudo bem.

— Admita Jake, está acabado. Eu venci.
— Não nos resta opção agora, Scrooge. Quando for o momento certo, acerte com Sucker Punch.

O relógio indicava precisos 20 segundos, era agora ou nunca! Quando Mantyke fez seu último cruzamento aéreo à esquerda do Croagunk, o anfíbio respondeu ao ataque através de um soco sombrio. Os movimentos colidiram afinal, ambos foram afetados e emplacaram um possível empate, porém, apesar do Scrooge ter se ferido, a chuva trazia o vigor de volta e o chiclete de Black Sludge completava o ato, desse modo o sapo venenoso ainda se mantinha de pé, mesmo cansado de lutar. Já Mantyke... apesar dos esforços ele não conseguiu conter os efeitos voláteis do envenenamento, o trunfo que o fez ficar fora de combate. A I.A. declarava o resultado: Foi de fato um empate entre nós dois de acordo com as regras da partida, mas Thomas não interpretou assim, recolheu seu pokémon e se retirou do campo com uma feição pouco agradável. Não que sua retirada birrenta fosse importante para o olheiro Oscar, ele foi o primeiro a descer dos assentos e vir me parabenizar pela batalha que, ao seus olhos, lhe trouxe a nostalgia dos momentos em que meu pai jogava em partidas mais inferiores e amistosas (as únicas que Oscar conseguiu acompanhar de perto na vida).


Com o treino da manhã finalizado, Aghda e Oscar se dirigiram para um salão privado onde possivelmente acertariam as coisas acerca do patrocínio, eu espero realmente que ele feche negócio com a gente, mas também não ficaria surpreso caso não quisesse, afinal, eu acredito no meu potencial e sei que sou capaz de entregar uma atuação mais interessante que aquela. Mas que diabos aconteceu hoje, hein? Que sensação de incomodo é essa permeando meu coração? Para minhas inquietações, a súbita resposta: Chegar ao quarto e topar com o Thomas me encarando com um cenho fechado não é nada agradável. O ambiente tranquilo de semanas atrás passava a se transformar com a tensão que afetava consequentemente a todos. Esse é apenas o primeiro de muitos frutos que irei colher sendo o "filho prodígio" do grande atleta Farell Williams. Caramba, que herança pesada.

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Minor Quest escolhida:

Patrocínio
(Fácil)
Recompensa: 60 Bitcoins.
Premissa: Lançar Dado de Evento (NPC)
Descrição: Um treino especial estava para começar. Um olheiro havia sido enviado para assistir o desempenho do time e, dependendo como fosse, os resultados positivos poderiam conceder um interessante patrocínio da companhia na a qual ele trabalhava para o time. É claro que o treinador estava com os nervos ainda mais à flor da pele e impaciente, e não toleraria qualquer vexame na frente do olheiro que pudesse custar esse importante dinheiro.

Dados escreveu:NPC & Revive como prêmio do evento

Observações escreveu:Bom, o post não saiu com a carga emocional que eu queria, fiquei pouco empolgado com ele mas não quis desperdiçar tudo, já que eu estava com mais da metade dele escrito. Não me importo se de algum modo isso pesar na avaliação. Sobre o prêmio do evento, pego em On no próximo post junto com os outros.

Naquele mesmo dia, o resto da manhã foi de treino intenso como Aghda já havia dito, durante a tarde intercalamos com alguns descansos, mas a julgar pelo nosso progresso, acredito que estamos bem preparados para a seletiva do campeonato de batalhas da Divisão D, em breve. No fim de tarde, recebi uma notificação da Gentec sobre alguns prêmios que ganhei com meus engajamentos recentes no Dexit, uma espécie de Drone está a caminho para entregá-los; que ótimo! Além disso, a treinadora veio me atualizar sobre Oscar e sua oferta de patrocínio, para o meu espanto, o cara queria tratar de negócios pessoalmente comigo na manhã seguinte. Que insistente! Eu sequer tenho tino pra essas coisas, a treinadora poderia tido ao menos pulso firme e findado a negociação sem a necessidade dessa exclusiva, mas não... a única coisa que ela me disse, seguramente, após isso foi: "Pense bem nas suas decisões", me entregou um exemplar do produto da companhia dele, e deu as costas.

"Prop-GEN, o novo suplemento para formar campeões", esse era o nome do produto. Sei que suplementos são muito comuns hoje em dia, sobretudo no mundo dos esportes, mas a popularidade desse tipo de mercadoria elevou o número de marcas sem qualquer credibilidade, algumas até foram indiciadas como perigosas à saúde. "Prop-GEN" me parecia muito familiar em seu nome, quem quer que tenha pensado nele foi inteligente em lançar uma marca semelhante ao conhecidíssimo "Power-GEN", um suplemento difundido até por atletas de Rank B. Com as dúvidas pairando sobre minha cabeça, decidi tirar a noite para pesquisar sobre a confiabilidade de Oscar e seus produtos.

Enquanto eu estava atento às pesquisas no Notebook, meu sossego foi corrompido quando uma tela subitamente se sobrepôs ao do meu aparelho exibindo um folder do que parecia ser uma festa, mais precisamente um show de karaokê num pub da cidade, e a julgar pela foto da moça, a Lory Cooper, seria a estrela da noite.

— Jay Jay, olha isso cara! — Drew surgia por trás do meu assento todo empolgado com a propaganda — Olha essa gata... Caramba! Que saco a gente não poder ir, hein?! Já deve estar rolando uma hora dessas...

Esse é Drew O'Connor, ele veio de Ylium e é o cara com quem mais tenho intimidade aqui, na verdade nossa amizade aconteceu de forma tão natural que quando nos demos conta já estávamos compartilhando segredos. Acho que temos muito em comum, sabe? Ele é um cara muito gente fina, divertido, sociável e tem um forte senso de humor... mas há quem não goste das brincadeiras dele e até eu admito que por muitas vezes ele passa dos limites. Para ele não tem tempo ruim! Nem mesmo as constantes chuvas e a melancolia de Limford foram capazes de abater a intensidade característica de um filho de Ylium.

Como de costume, eu entendi que por detrás daquele sentimento de negação tinha um convite implícito para quebrar as regras e arrumar algum jeito de escapar e curtir a festa, confesso que na maioria das vezes que ele me propõe isso eu tendo a aceitar, só que dessa vez eu não podia. Cedendo a sua insistente teimosia, expliquei a ele meus motivos que logo o aquietou. De algum modo aquele assunto despertou interesse nele, o Drew é assim, volátil. Ele invadiu a minha pesquisa me direcionando para foruns na internet que repercutiam assuntos sobre empresas e seus respectivos produtos duvidosos, em cada acesso que dávamos sobre os posts e suas discussões, ele contribuía prontamente com uma opinião formada sobre tudo; e de repente foi de um potencial infrator à militante.

"— Típico de um Ylium, eu imagino..."

De todo modo, aquela ajuda que ele me deu veio muito a calhar. Praticamente viramos a noite consumindo sobre o tema, descobrindo coisas importantes e outras totalmente fake, mas que no fim das contas me serviu para tomar um parecer sobre a questão do patrocínio. A companhia de Oscar não era autônoma, pelo visto, era apenas uma das distribuidoras desse produto que, curiosamente, não possui só essa patente, "Prop-GEN" era só mais um nome dentre outros rótulos. No entanto, por mais que isso estivesse enraizado nos meus pensamentos, confesso que estou apreensivo em ter que ser o portador de uma decisão importante. Um patrocínio para uma equipe de Rank D é algo relativamente difícil de se conseguir, tenho plena certeza de que uma recusa traria peso na minha imagem perante aos meus colegas. E agora, devo fazer o que acho certo ou pensar na minha equipe?

— Qual é, Jay Jay... desencana. — Não é novidade que Drew foi o primeiro a me apoiar independente da decisão que eu tomasse, mesmo sabendo que sua opinião inclinava-se para o contra — Tipo, somos amigos, certo? Então vou estar contigo pro que vier, irmão. Se você não aceitar, ok, vida que segue. Mas se você aceitar, tá tranquilo também.

Nosso papo finalizou com um forte abraço, em seguida ambos fomos dormir pois a chuva que antes castigava o clima à noite lá fora, já dava lugar aos primeiros e tímidos raios de sol entre as nuvens carregadas.


Na manhã seguinte, lá estávamos: Eu e Oscar, frente a frente, acomodados em assentos pouco confortáveis no refeitório destinado a divisão D, por alguma razão o homem dispensava qualquer convite para um lugar mais aconchegante ou minimamente sofisticado.

— Aqui está ótimo! — Disse, tomando um gole de café com algum requinte ensaiado — Estava ansioso pelo nosso encontro, Sr. Jake. E então, o tem a me dizer sobre a proposta?

Que rápido, ele realmente não queria perder tempo. Naquele espaço só estava nós dois, o silêncio era quase inevitável se não fosse as constantes idas e vindas da xícara de café no pires e o barulho ocasional do seu sapato elegante quicando na perna da mesa enquanto mantinha seu pé direito balançando numa altura considerável, com uma perna cruzada na outra. Todos esses trejeitos, somados ao fato de ter dois potes daquele suplemento suspeito em cima da mesa e estrategicamente dispostos com os rótulos na minha direção, claramente são sinais que denunciam o seu nervosismo na expectativa de uma boa resposta vinda de mim.

— Érr... Bom... — Tudo bem, eu confesso que também estou nervoso e que tudo o que ensaiei previamente ontem a noite não estava mais surgindo na cabeça. Inspirei, e enquanto suspirava lentamente buscava um ponto para focar e me lembrar de tudo o que eu precisava, contudo, era difícil manter a concentração com aqueles dois potes me encarando como se tivessem olhos, ou o estranho bigodinho fino no buço de Oscar lambuzado de café com leite. Enfim, suspirei, e como numa batalha de arena encarei a situação com uma característica determinação. — Não.

Ok, na minha mente isso foi melhor...

— "Não?" — Indagou, pausando a xícara no meio do trajeto entre a boca.
— S-Sim... digo, Não! E-Eu vou ter que recusar o seu patrocínio, Sr. Oscar. Sinto muito.
Ele cuidadosamente repousou a xícara sobre o pires e me envolveu num olhar profundo de decepção, mas mascarado com o seu requinte ensaiado outra vez.
— Honestamente, não entendo o motivo da sua recusa, Jake. Percebe o quanto esse investimento seria bom para a sua equipe, ou melhor, para os seus amigos...? — Como um bom negociante, ele tentava inverter a situação jogando o peso da minha ação sobre as pessoas com quem me relaciono. De fato, ele pode estar certo, mas é por eles que estou tomando essa decisão.
— Desculpe senhor, eu agradeço a sua intenção e peço perdão pelo tempo perdido. — Tentei sair pela tangente sem dar maiores explicações, mas não é que o filho da mãe queria me prender?
— Então por quê? Pode me dizer por qual razão você está me recusando? Tem algo a ver com os produtos?
Eu tinha que resistir à tensão, aqui eu devia escolher entre ser educado, mentir e passar um pano em tudo isso, ou como o Drew faria numa ocasião dessas, tacava a merda no ventilador.

Bem, eu agradeço por ter conhecido o Drew, afinal.

— Quer saber? Eu não confio nesse teu produto, sabe... sei lá, existem tantos suplementos adulterados por aí, talvez o seu seja um desses, ele sequer é conhecido (no bom sentido). E quer saber mais? Que raios de nome é esse, hein? "Prop-GEN", cara... até um Mankey sabe pensar em algo melhor e mais autêntico. — Se eu peguei ar? Érr.. não. Segue o baile: — Ah, e mais uma coisa! Eu não sei a mando de quem você e outras companhias repassam isso, mas se depender de mim, charlatões como você vão cair um por um, falou?!

Ok, talvez eu tenha me empolgado demais...

Após ouvir aquilo tudo, Oscar se levantou em silêncio, em seguida os dois potes de suplemento começaram a flutuar do nada, levei até um susto vendo aqueles pares de olhos e mãos surgirem, no fim das contas era um Haunter escondido, ele levantava os produtos e acompanhava-o. Antes de se dirigir à saída, o homem ainda de costas para mim me lançou suas últimas palavras.

— Hm... Achei que fosse como seu pai. — Dito isso, se retirou do refeitório sem mais.

Novidade naquelas palavras? Nenhuma. Se eu ganhasse 100 Bitcoins cada vez que alguém forçasse a comparação entre mim e o meu pai, eu já estaria rico. Mesmo assim, alguma coisa subitamente me incomodava como nunca antes, era como se houvesse algo implícito naquela fala dele, um enigma a ser resolvido, um verdadeiro mistério. Foi essa a sensação que me passou. Enfim, demorei a sair da sala, caminhei um pouco aéreo até o quarto e no caminho, para a minha infelicidade, talvez, dei de cara com a treinadora Aghda. No primeiro instante não consegui perceber a sua feição, mas ela me pareceu estranhamente acolhedora. E lá estávamos, coincidentemente num corredor onde havia uma seção de quadros pendurados com fotografias holográficas de antigos jogadores da Team Raiders, dentre eles, o meu pai, Farell Williams.

Olhando para aquela imagem que ocasionalmente piscava devido à estática, não pude conter a minha emoção. Foi desabando em lágrimas que busquei consolo na figura de um pai que passou parte da sua vida se dedicando ao time e sua vida profissional, e tão pouco a sua família. Era estranho não reconhecê-lo naquela fotografia? Eu sequer me lembrava que algum dia ele já usou um corte de cabelo igual ao meu.

— Me desculpa... — Enquanto tentava tocar a imagem carregando em prantos, fui envolvido num abraço que impediu a não recomendável ação de ter contato físico com os quadros. Aghda Matrava, uma mulher tão durona quanto o próprio pai, sendo afável comigo? É... esse dia está mesmo sendo incomum. Ela me mantinha preso ao calor do seu corpo para conter a tempestade que estava dentro de mim, em seguida acariciava a minha cabeça e forçava um embalo sutil e gracioso como se estivesse acalmando um bebê. Quando finalmente tive forças para superar o momento de tristeza, ela me soltou, a sua expressão já traduzia que ela estava por dentro da minha recente decisão. O silêncio daquele corredor foi interrompido por um repentino chamado no smartphone dela, com uma nova obrigação ela teria que sair, mas antes de ir me deixou atento com as suas palavras...

— Você realmente não é como o seu pai, Jake Williams. — E saiu as pressas virando rapidamente o fim do corredor.

Os dizeres dela surtiram um efeito semelhante aos de Oscar, só que menos depreciativo. Com isso, eu senti que de fato estava faltando alguma coisa, que existia algo sobre a carreira do meu pai que não estava exposta na mídia e nem manchava a sua reputação, algo que, de algum modo, ainda se mantém reservado, como um segredo sussurrando ao pé do meu ouvido para ser revelado. Pai, se eu desejo te superar, eu sinto que primeiro tenho que descobrir quem você foi de verdade. Você sabe, né? Não quero ter que cometer os mesmos possíveis erros que você.

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Dados escreveu:NPC

Já se passou uma semana desde aquela batalha contra o Lucian e posso dizer que algumas coisas mudaram depois do nosso encontro. Admito que fiquei um pouco mais interessado na biologia marinha após ver as postagens dele no Dexit, não tinha muita coisa, mas o material disponível é de fato de muita qualidade, aquele ali vai ter um futuro brilhante! Bem, graças a ele eu pesquisei melhor sobre a história de Limford, nada que passe dos contos mais comuns, mas como novo cidadão daqui senti a necessidade de me aprofundar sobre essas terras. É triste o que houve com os corais, tenho certeza de que tanto os humanos, quanto os pokémon sofreram com essa mudança drástica no ambiente. Por falar em sofrimento, no decorrer daquela semana nós da divisão D continuamos nosso treinamento, a sensação de que a cada dia eles ficam mais intensos é real, e as cobranças indiretas do Sr. Matraga por meio de sua filha nos assusta muito, o homem faz questão de redigir um reclame particular para cada membro do time e para mim, ele cobrou diversidade de criaturas.

— Falta de aviso não foi, mano! — E o Drew tinha razão. Por muitas vezes ele pegava no meu pé para que a gente saísse e capturasse alguma coisa, mas essa chuva... esse lugar... cara, isso tira todo o meu estímulo! — Seguinte Jay Jay... última oferta! Vamo meter a cara nessa rua e caçar algo bacana pra ti, valeu? Temos tempo ainda até o treino da noite...
— Hmm... não sei não... Eu entendo que nessa profissão eu preciso de mais pokémon, mas cara, estamos na série D, não quero ser grosseiro, mas não há ameaças pra atletas desse tipo...

Ok, foi uma fala infeliz. Percebi isso quando não só Drew, como quem estava por perto naquele quarto ficou em silêncio e me julgando escrachadamente. Apesar da nossa vida de atleta de Rank D não ser um mar de rosas como os de Ranks superiores, nós sempre somos instruídos a buscar pelo melhor, e bem, todos começaram de baixo um dia...

— Foi mal... Não quis ofender ninguém. Falei merda...
— Desencana, Jay jay. Vamos sair pra espairecer.

E depois de muita insistência (e ele é muito bom nisso), Drew me convenceu a sair do prédio e desbravar as ruas de Limford outra vez, só que agora tínhamos um objetivo: Capturar um pokémon!


Conosco a incansável chuva caia sobre o guarda-chuva neon que nos abrigava, destacando-se entre uma e outra pessoa portando o mesmo objeto só que mais sutis ou sofisticados. Estávamos indo em direção ao famoso porto de Limford, uma área extensa e que abriga muitas espécies curiosas que vivem uma vida dupla entre o bravo oceano e a melancolia do centro urbano. No caminho fomos conversando sobre diversos assuntos, mas nenhum deles me deixava tão intrigado quanto o fato de Drew não dar detalhes sobre a relação com o seu misterioso pokémon, ele tem se esquivado disso desde aquele dia com o Lucian. Outrora nossa atenção se dividia para espécies que surgiam no cenário, mas que rapidamente desapareciam, como um bando de Wingull por exemplo, eles ficaram bem assustados quando chegamos, dispararam em uníssono um Supersonic e depois fugiram sobre nossas cabeças, ainda deixaram um desagradável presentinho sobre nossas roupas e guarda-chuva.

— A chuva está ficando mais forte, deve ser por isso que eles estão tão inquietos... — Pontuei com uma certa lábia de "profissional no assunto".
— Sei... Tô ligado que cê anda vendo demais os posts daquele cara lá, o Lucian... Hahaha

É, fui pego. No mundo pokémon a maioria das espécies são sensíveis ao clima e não é surpresa que em Limford isso se destaque; apesar delas serem adaptadas às chuvas, muitas ainda preferem se abrigar quando há sinais iminentes de temporais. No entanto, naquela parte do cais onde estávamos avistei uma curiosa pedra esbranquiçada que eu juro ter notado se mover! Ocasionalmente assumia outra forma que não fosse arredondada e colocava suas patas e chifres para fora, caminhando lentamente contra a forte ventania.

— Ei, é o que estou pensando?! — Mirei precisamente a Pokédex. O aparelho me entregava as informações de um Corsola, mas não era um róseo como uma das imagens mostrava, e sim o outro esbranquiçado e com uma feição apática. — Eu li sobre eles! É um Corsola! Vem Drew!
— Espera ai Jay Jay! Estamos no horário já, cara!

Sem demora, liberei o Scrooge da Pokéball antes de me aproximar para garantir que aquele Corsola não se somasse aos demais pokémon que já escaparam por hoje. O sapo tomava frente ao meu comando saltando longas distâncias para surpreender o alvo, não que ele fosse tão longe... já que mesmo o vento fazia-o regredir na sua tentativa de buscar por um lugar seguro.

— Ah não vai mesmo! Scrooge, pegue ele com Poison Jab!

No primeiro salto sobre a criatura, Croagunk muniu sua pata com veneno e desferiu um golpe sobre ela que, numa ação defensiva estocou seu corpo na casca dura para "minimizar" os danos. Que reflexos, hm?! Para a minha surpresa, o pokémon coral também reagiu ao desabilitar o movimento previamente executado pelo Croagunk através do Disable. Uma aura escura emanou do seu corpo roliço e se sobrepôs ao sapo causando um pequeno delay nele durante o processo. Em seguida, o espécime que antes lutava para se mover contra a ventania, agora demonstrava um pouco mais de desenvoltura. Dalí mesmo voltou a posição de ataque cristalizando projéteis ao seu redor e lançando sobre o Croagunk, um característico Ancient Power.

— Fique esperto, Scrooge! — Um comando implícito para o uso do Sucker Punch. Com a proximidade dos dois, o soco sorrateiro foi aplicado com tamanha força que fez o Corsola retomar todo o caminho que já tinha percorrido naquele cais. Todavia, nem mesmo o truque do Croagunk foi capaz de repelir a ação do Ancient Power, mas nada com que pudéssemos nos preocupar.

— Ele parece bem fraco agora, Jay Jay! — Sugeriu Drew observando a luta num canto.
— Tô ligado... — Pelo que eu vi na Pokédex, parece que a própria habilidade do Corsola colocou em risco o seu triunfo na batalha, sendo assim, retirei uma Pokéball vazia do bolso e acionando o dispositivo lancei em direção ao alvo enfraquecido. Aqui é importante ter habilidade para acertar também pois um deslize pode comprometer a Pokéball lançada.

A esfera fez uma curva ousada não proposital, talvez o vento tenha feito isso, de todo modo consegui acertar o Corsola que, após ter seu corpo engolido pelo objeto, teve sua captura efetivada imediatamente. Assim que a Pokéball quicou no chão, fui rapidamente notificado pela Dexit informando sobre a minha nova aquisição... caramba, como são rápidos! Enquanto Drew vibrava com a minha captura, me agachei para pegar a esfera que estava morna e um pouco mais pesada. Scrooge reagia com empolgação também firmando um high five comigo.

— ... Então, é isso... Temos um novo parceiro, Scrooge. Ou melhor, uma parceira...
— É fêmea?!
— Uhum. Me pergunto se ela tinha pressa para chegar a algum lugar... — Admito que por um instante fiquei refletindo sobre isso enquanto observava o horizonte azul pelo cais do porto. Abaixo de nós tinha só concreto e o oceano estava a alguns passos daqui. Numa rápida busca de olho, não encontrei nada que sinalizasse uma possível colônia de Corsola, talvez.
— Qual é Jay Jay, desencana! Você pegou, é seu. Agora que você falou em pressa, é melhor irmos ou a Dona Coronela vai nos matar!


E ela nos matou sim. Chegamos vinte e cinco minutos atrasados no treino o que nos rendeu mais 1h de exercícios, que injusto. Contudo, nem para nós ou para o resto da equipe as dores do treinamento não importavam, pois, antes mesmo de começarmos a escala, Aghda Matrava nos recebia com uma importante informação:

— O local do primeiro jogo de vocês no campeonato da Série D foi definido. — Jogou uma resma de papéis sobre uma mesa a nossa frente para que pudéssemos pegar. — Equipe, arrumem suas malas, vamos para Ylium em dois dias. Estejam preparados, o adversário de vocês está nas chaves disponíveis nesse folheto...

E saiu.

Conforme pegávamos os folhetos, feições de alegria e espanto se desenhavam no rosto jovial dos companheiros. Para mim, a maior surpresa foi cair contra uma das renomadas equipes de Neo Zenos, assim de primeira: A Ever Grande Bigs de Ylium. Já para Drew, a maior felicidade estampada por voltar a sua cidade natal e ter a chance de visitar a família. Entre os empolgantes abraços e berros, eu trocava olhares entre os outros três colegas captando rivalidade, preocupação e morbidez. Face as reações como um balde de água fria sobre nós, parece que finalmente os jogos vão começar...

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Dados escreveu:Corsola
Captura Crítica: Aqui

Obs: Vou considerar que ele recebeu os prêmios do evento no decorrer da semana.