77 trouxe em mãos a versão antiga da Pokédex que havia sido acoplada à Mira. Colocou-a em uma espécie de semi-círculo, em que passou a flutuar acima da parte convexa, com algumas pequenas faíscas soltando. O loiro resmungou uma ou duas vezes antes de dar uns reajustes em uns fios desencapados e cabos soltos, a todo momento reiterando o quanto seria mais fácil fazer tudo isso em Aus Etella. Enquanto isso, o homem que aos poucos tentava deixar aqueles flashes de memória irem embora apenas observava em silêncio. O ambiente como um todo parecia bem claustrofóbico, ainda que com poucos equipamentos, mas principalmente devido ao fato de ser no subterrâneo do Ferro Velho.

— Só pra garantir. Vai que… — e então, acoplou um teclado pelos cabos ao mesmo semi-círculo. Uma tela em tonalidades azuis e esverdeadas foi projetada acima do mesmo teclado. — Uau. Ela é bem sabidinha pra uma IA hein. E tem coisas aqui que nunca tinha visto antes… essa coisa é basicamente um Rotom. Se eles não estivessem extintos, até pensaria que foi feita a partir de um. Se bem que vindo da E.V.O… — Colocou a mão no queixo.

Enquanto isso, o rapaz mais atrás apenas refletia afundo em seus próprios pensamentos. Havia um nome do qual não conseguia se lembrar, uma promessa deixava pela metade apenas em conceitos desconexos e, acima de tudo, uma decisão errada tomada por sua parte. Refletiu por alguns instantes, respirando profundamente e tentando respirar com mais calma. À medida em que mantinha-se mais calmo longe dos níveis altos de ansiedade, 77 continuava a mover rapidamente seus dedos sobre as teclas com um tec tec tec que se alastrava cada vez mais pelo cômodo. Em estado de introspecção, passou a tentar deixar sua mente mais vazia pouco a pouco.

— Bom, ela vai perder a conexão que tem com a E.V.O nos próximos dias. Vai ser uma boa Pokédex ambulante. Mas não prometo nada, a qualquer momento podem tentar um total reset nela e aí pronto, tudo volta a ser como antes… como eu já disse, temos que nos ver em-

— Aus Etella. Já entendi. — Bufou.

Então, 77 devolveu a Pokédex com Mira acoplada novamente ao rapaz, que a guardou em um de seus compartimentos na pele de ébano tecnológica. De maneira rápida, saltou da cadeira deitada em que estava, estalando o pescoço ao deitá-lo para um lado e, logo após, para o outro. Os seus olhos e o do engenheiro se cruzaram por alguns instantes, como se de fato habitassem mundos diferentes que, ainda numa fração de segundos, haviam se encostado naquele espaço.

— Ah… já ia me esquecendo. Mas esse mesmo chip vai ter algumas funções que eu descobri que só podem ser acessadas pelo código mestre. Ao que parece, deve ser unicamente acessado por você, obviamente, mas eu ainda não sei como. Devem ter… funções importantes aí pra sua sobrevivência.

— Tá. Eu só quero sair daqui de baixo agora e… valeu por tudo. Onde posso te encontrar caso precise?

— Vá falar com a Vaxen na lojinha dela. Ela me chama.

O rapaz assentiu. Após isso, iniciou-se uma sequência de processos para a sua retirada do laboratório subterrâneo de 77: um elevador acionado por um Magnemite, depois, de novo em cima de uma plataforma diferente, uma cabine fechada… enfim. Em tempo, esteve de volta à superfície, até ser levado de volta ao centro de Atomia. Acontece que, dessa vez, após tudo o que havia vivenciado em suas memórias em um curto tempo, não tardou para que acoplasse aquele chip acima de seu dedo — foi apenas questão de tempo até que aquela pele desconhecida que havia se mesclado ao seu corpo o tomasse, como se o fagocitasse para seu interior de maneira veloz. Uma cascata de informações veio junto assim que a chave-mestre foi reconhecida:

A presença de MG-250 consigo.

”INVASOR NA ALA L-7! REPITO: INVASOR NA ALA L-7!”

Pelo pescoço, pressionou contra a parece aquele Vagaluz que havia sido pego sozinho desprevenido. Os pés do agente pararam de se conectar com o solo à medida em que seus olhos fixaram-se mais seriamente naquela mesma face distorcida na tentativa de manter o anonimato. As pupilas presentes nos olhos amendoados se dilataram à medida em que as lentes se tornavam mais visíveis, com uma espécie de auréola azulada os contornando — a partir daquele mesmo momento, foi possível ver sua expressão de puro medo. Com sua força nova obtida, apenas o jogou no chão após socar seu rosto com a outra mão, à medida em que um som característico de Flash Cannon passando pelo corredor conforme uma luz prateada tomava conta. Um som de algo estourando veio logo após — através do olhar de MG-250, teve acesso, como uma câmera que podia acessar apenas pelo pensamento, à vista da dupla de Neo Illumise e Volbeat se estourando em fumaça ao serem lançados contra a parede em um baque forte.

Faziam cerca de 72 horas desde que tivera seu contato com o engenheiro 77 e, desde lá, havia desbloqueado conhecimento sobre tantas funções novas das quais poderia se aproveitar que nem parecia mais estar à mercê da inexperiência como antes. Havia decidido seguir a dica do loiro e optar por “dar o troco” nos Vagaluzes apenas como uma maneira de descontar sua raiva e frustração nos mais fracos — pelo menos foi assim que entendeu.

Uma dezena daqueles mesmos agentes Vagaluzes surgiu no final do corredor, em que a dupla de Pokémon insetos havia sido jogada. Acessando suas Poké Balls, jogaram para a batalha em grupo uma série daqueles mesmos alados elétricos em corpos de miniaturas — eles já se concentravam, liberando sequências e mais sequências de Shock Waves com a infusão de Helping Hand, fortalecendo sua potência. Nesse mesmo instante, uma barreira erguida pela junção tradicional de Protect com o ofensivo Expanding Force foi feita na frente de ambos, dessa vez, no formato de uma parede de hexágonos azuis que brilhavam como se disputassem espaço com a coloração verde que vinha do próprio ambiente. As ondas de choque foram completamente reduzidas a apenas faíscas inofensivas, à medida em que a barreira como um todo constantemente se reconstruía com o auxílio da força psíquica nos pontos em que talvez precisasse de reforço.

Contudo, o verdadeiro reforço ainda estava por entrar em cena.

— Pare com os planos sujos. Incenere-os — A Salandit, que esteve a todo esse tempo andando pelo teto enquanto os outros dois chamavam mais atenção, após passar cerca de dez minutos apenas analisando o campo e planejando a melhor maneira de agir consecutivamente com seu recém aprendido Nasty Plot até o máximo possível de análise para o instante atual, tinha seus olhos brilhando em um coloração púrpura surgindo em meio à falta de iluminação naquela parte, unindo o sorriso malicioso que surgiu em seu rosto na mesma penumbra antes de chover uma incrível potência de suas chamas púrpuras em cima de seus inimigos, sejam Pokémon ou humanos com Incinerate. Os gritos, no início ainda distorcidos pelo efeito das máscaras com o filtro de voz, puderam ser ouvidos a uma certa distância até que fossem abafados juntamente com os grunhidos metálicos dos insetos que foram pegos em uma tática super efetiva.

Todo o esverdeado das paredes perdeu espaço para o púrpuro que invadiu o momento. Nesse instante, o rapaz praguejou contra os filtros de ar que haviam sido danificados pelo Pântano Abissal e, por conta disso, com um rápido pensamento, apenas ordenou que MG-250 mantivesse um Protect em formato de esfera conforme andavam pela fumaça tóxica disposta no ambiente. A Salandit, esperta, já havia se juntado a ambos enquanto ria de sua obra traiçoeira — era possível ver alguns dos Vagaluzes correndo, ainda em chamas, com suas máscaras derretidas e baterias em suas costas completamente fundidas às suas peles. Dessa maneira, o trio seguiu até o final do corredor L-7, contando com o mapa disponibilizado anteriormente que, ao ser extraído pelo rapaz, mostrou um bom desenho 3d dos níveis e acessos do lugar.

Andou cerca de vinte passos contabilizados até finalmente chegar na metade do caminho para a porta dupla no fim daquele corredor. Virou-se para a direita e, mirando a parede, ordenou:

— Derreta. — Ainda aproveitando-se do pico de poder disponibilizado pelo novo movimento de status aprendido pela salamandra, foi rápido em ordenar. E é claro que a Salandit ganhou campo externo, deixando o Protect apenas para jorrar mais daquelas suas labaredas púrpuras contra o ponto apontado pelo seu treinador. A parede derreteu em um formato oval à medida em que o metal, sofrendo com a alta temperatura, escorria em estado liquefeito à medida em que a criaturinha retornou para a esfera protetora a tempo de atravessarem-na e acessarem um corredor escondido. Mais atrás, novos alarmes soaram até que MG-250 disparasse com seu canhão de luz o ponto avisado por seu treinador responsável pelo sensorial.

Todos os Vagaluzes que ficaram para trás não podiam acessar aquele atalho da mesma maneira. Com cautela, o trio seguiu adiante, confiando nas coordenadas cedidas por 77.

— A fonte principal de energia deve estar em algum canto, precisamos dela. Deve valer uma nota, não podemos sair daqui sem ela — A Salandit riu, ainda nos efeitos de seu planejamento sórdido. — O que foi? Já entendi que sem isso, não vou conseguir nada por aqui e nem fora daqui.

Precisou derreter mais cerca de duas paredes para continuar seguindo adiante. Isso significa que precisaram esperar a pequena salamandra se concentrar ainda mais algumas boas vezes para que isso fosse possível. Da primeira vez, fizeram uma espera em uma espécie de cabine de descompressão — com pouco espaço e cercados por duas portas com uma máquina de inserir a senha através de biometria. Já da segunda, tiveram que contar com MG-250 mantendo os Vagaluzes longe enquanto a Salandit voltava a traçar o seu plano sórdido, na maioria das vezes, esfregando uma patinha dianteira contra a outra e soltando uma miúda risadinha maléfica — ou o mais próximo que podia fazer de uma.

Finalmente, entraram no local em que o visor do rapaz o avisava.

Apenas ao colocar seu primeiro pé naquela espécie de cabine isolada, sentiu quando os sensores de sua pele trouxeram rapidamente uma rápida leitura através da sua aguçada sensopercepção naquela atmosfera — uma grande quantidade de estática estava convergindo em um único ponto ali, à medida em que uma camada eletrizante se expandia, estabelecendo contato com as paredes através de uma iluminação esverdeada potente. Ainda dentro da própria função psíquica de sensopercepção, com seus olhos, o homem notou um cubo levitado por um suporte circular no centro da sala, algo atraiu imediatamente seus olhos para vislumbrar o que havia ali, afinal de contas.

O restante da sala continha apenas conputadores projetados em telas azuis ou teclados ligados às paredes em bancadas extensas. Atrás daquele mesmo cubo levitante, encontravam-se uma série de cilindros contendo uma ampla quantidade de energia que, pelo que sua visão detectadora de detalhes havia conseguido obter: trazendo cálculos absurdos a respeito de uma quantidade tão exorbitante de eletricidade. A Salandit sorriu, como se preparasse um novo planejamento sórdido para que, em sequência explodisse tudo com suas chamas. Mas o comando dessa vez foi diferente:

— Quebre o cubo com seu canhão. — Dessa forma, após alguns segundos de carga e o sorriso desfeito da salamandra, que passou a roer o pé de seu treinador em oposição, um Flash Cannon prateado foi disparado na origem de todo aquele verde, mas foi rapidamente repelido para que atingisse um dos teclados moldados à parede. De imediato, mais alarmes soaram, mais daquela mesma coloração esverdeada e, é claro, passos podendo ser ouvidos de andares superiores e corredores tangentes. — É… acho que não vai funcionar assim. Beleza, vocês dois tomem conta e me dêem cobertura. Usem tudo o que cês tem.

Dessa forma, aprofundou-se em seus novos conhecimentos obtidos a respeito de suas próprias funções.

Aproximou-se de um dos computadores projetados enquanto a Salandit corria para auxiliar Metang, ainda que a contragosto. Na ausência de reforços para a nova invasão, o rapaz apenas trouxe a Pokédex de sua pele, que a ejetou na altura de sua nuca. Sem mais delongas, ativou o dispositivo e, em uma luminação azulada que ganhou o ambiente por alguns segundos, materializou Mira que, com um semblante um pouco confuso, tentou entender o motivo de estar em uma sala de operações. Seus olhos rastrearam o ambiente, reconhecendo os dois Pokémon de seu “usuário” enquanto sua feição agora, mantinha-se com uma encarada em direção àquele cubo.

— Mira. Aja. Agora não é hora. — A dona dos cabelos azuis tentou balbuciar algo mas, através de um cabo de conexão daquela Pokédex antiga adaptado a algo mais moderno, com um adaptados dado pelo próprio 77 ainda naquele dia, conectou em um dos pontos de entrada daquele computador. De imediato, a inteligência artificial foi transportada de um dispositivo a outro, à medida em que o ligava quase que de imediato, atravessando com facilidade um parede inteira de senhas distintas e ganhando acesso a comandos somente possíveis pelo administrador. — Que demora. Quando fizemos isso no Clodbar foi bem mais rápido!

Das saídas de som, uma voz alterada pelo filtro foi trazida à tona:

— Esse aqui é só um variável de funcionários menores. Estou rastreando o coração-cérebro-fonte desse lugar! Vai levar mais alguns minutos, Dúzia!

— Tá. Só seja útil e rápida — de maneira quase automática, manteve seu olhar focado na batalha que tinha início no rombo feito na parede da cabine. Ali, Metang e a Salandit lutavam se ajudando: o primeiro mantinha os oponentes à distância enquanto a segunda optava por lançar séries de gases venenosos com séries de labaredas púrpuras, bloqueando as visões de seus oponentes à medida em que os atingia em meio à cegueira. — Que? — Observou quando um aviso vermelho surgiu na tela do computador invadido.

Em resposta, uma espécie de antivirus inteligência-artificial surgiu em um pop-up, com o ícone de uma borboleta: NONA. Com dedos rápidos, acessou o teclado rapidamente à medida em que seu olhar, ao absorver sensorialmente os dados vindos da tela, o trazia ao mesmo tempo a série de códigos que precisava colocar em sequenciamentos constantes para que Mira pudesse adentrar com mais precisão a base de dados que tanto estava atrás. Quase cerca de três segundos após, o monitor de tela fina projetada por completo emitiu uma coloração avermelhada até que, por fim, uma fumaça escorresse dele até que, enfim, explodisse.

— Mira! — Exasperou-se, retirando a Pokédex conectada no gabinete.

Ao longe, um outro computador ligou sozinho. E após, outro. Na entrada, uma iluminação prateada advinda do Flash Cannon ganhava evidência enquanto um grunhido vindo da salamandra chamou sua atenção. Através de um comando cognitivo, acessou a visão do Metang, notando que a Salandit havia sido superada em número, sendo coberta com séries de ataques elétricos por seus oponentes que não foram parados a tempo pelo seu parceiro que, em resposta, os atingia com canhões de luzes contínuos. ”Dê a ela cobertura com Protect, agora!” — mentalizou como numa mensagem psíquica à medida em que observava o nome M.I.R.A surgir em cada uma das telas dos computadores à frente.

Então, todos os dispositivos de saída de áudio da sala reverberaram:

— Emitindo dados sobre o gerador Ænergia-V para toda a Base-Lumina. — Logo pós, uma série de funções foi executada em voz alta assim que todo o comando central foi acessado por ela. Ao longe, barreira protetora de Metang permitiu que a Salandit preparasse a sua primeira etapa de planejamentos para o combate à medida em que uma coloração violeta se acendia em seus olhos com um efeito enevoado. — Coletando pasta de dados de administradores e usuários. Coletando senhas. Coletando arquivos de dados. Pastas. Aplicações. Aplicativos-satélite…

— Pesquise por… — acessando mentalmente o mapa 3d do local em que estava, buscou pela sua identificação. — Cabine 738! — Então, rapidamente, nos monitores, uma sucessão de pastas foi aberta. Até que, enfim, acessou o painel de controle da cabine exibida. Uma série de comandos começou a ser vocicerada um a um para que todos ouvissem. — Desligar! Desliga tudo nessa porra! — E antes que percebesse, uma espécie de sorriso de triunfo invadiu seus lábios. O que veio a seguir foi um abrilhantar púrpuro no escuro quando a ação foi tomada e, dessa maneira, a Salandit esboçou seu sorisso malicioso com todos os Nasty Plot possíveis acumulados.

As chamas púrpuras invadiram aquele corredor mais adiante, trazendo a iluminação necessária assim que os olhos do rapaz entraram em modo noturno. A combustão de fogo roxo ganhou espaço à medida em que uma barreira de hexágonos psíquica era erguida no rombo do corredor, impedindo que as labaredas acabassem entrando na cabine. Contudo, mesmo ali dentro agora protegidos dos perigos externos, um som de algo sendo desativado ganho força à medida em que aquela mesma iluminação esverdeada voltava a brilhar acompanhando um som único de carga sendo concentrada. Uma silhueta surgiu no meio da sala antes de revelar sua verdadeira forma, absorvendo uma quantidade imensa de energia daqueles mesmos tubos atrás que a concentrava.

— AVISO CRÍTICO: Gerador de Ænergia-V desacoplado. Criatura liberada de sua contenção de segurança.

 

— Ameaça de Alto Nível detectada.

— Ameçaltoqu- — Um clarão esverdeado se expandiu à medida em que uma onda de choque ganhou o ambiente assim que aquela aura esverdeada transformou-se em um Discharge. Todos os computadores ao redor foram explodindo à medida em que, sequencialmente, desligavam-se um por um, até um brilho ciano retornar para a Pokédex que foi retirada da entrada pelo rapaz rapidamente. Contudo, uma eletricidade de coloração verde irrompeu do gabinete, explodindo-o e abraçando com suas faíscas o dispositivo retirado enquanto perpassava pela segunda pele do rapaz. — Que merda! — Seus sensores o avisavam de estática em demasia ao longo de sua pele. Não havia sido capaz de absorver.

Guardou a Pokédex 1.0 com Mira e observou que tanto Metang quanto a Salandit haviam sido atingidos pelo choque em área. Do lado de fora, com a barreira rompida, poucas labaredas púrpuras iluminavam o caminho com dezenas de Illumise e Volbeat caídos no chão. Não havia nem sinal de nenhum Vagaluz por ali, detalhe que o rapaz tornou-se ciente para avançar, já trazendo dois frascos de poção e os borrifando em seus Pokémon rapidamente, observando os ferimentos serem banhados pelo líquido azul à medida em que apontava com sua mão em direção ao inseto elétrico que flutuava no meio da cabine:

— Não dá pra enfrentar ele aqui, é muito pequeno — com um gesto, ordenou uma proteção vinda do Pokémon metálico ao seu lado e assim a recebeu — uma parede de hexágonos formou-se à sua frente conforme uma nova leva de descarga elétrica se alastrava pela sala, destruindo uma série de computadores conforme o trio batia em retirada, ainda com a barreira levantada. Quando chegaram nos corredores, sua visão no escuro o guiou por um caminho até a saída mais próxima. Em sequência, um ruído sônico dado com ampla concentração atingiu a parede psíquica assim que trataram de correr, ecoando em um Bug Buzz que, devido ao impacto, os jogou para frente em uma velocidade alta. — Magnetismo, bora! — Dessa maneira o Magnet Rise agiu prontamente ao colocá-los de pé no teto, como se presos pela própria eletricidade e mantidos ali pelo pequeno campo magnético emanado pela criatura.

A Pokédex que havia sido guardada trazia informações na voz de Mira, que ecoava em sua cabeça: Vikavolt. Inseto e Elétrico com Levitação. Atributos acima da média padrão. O Pokémon catalogado como shiny pela Pokédex levitou para fora daquele mesmo buraco aberto em que havia acontecido a luta de Metang e Salandit em defesa da cabine. No chão, diversos dos Vagaluzes jaziam incinerados, em parte desmaiados e outros em um estado ainda pior devido à concentração de gases e chamas junto das cinzas ocasionadas pela incineração constante do ambiente. Presos no teto, continuaram a correr em disparada à saída conforme agora algumas outras ordens eram deixadas para a Salandit, que havia perdido todos os resquícios daquela personalidade concentrada e malévola dos seus usos de planejamento sórdido.

— Cortina de fumaça, vamos — então, de suas narinas, uma névoa púrpura foi expelida conforme a criaturinha tremia em suas patinhas.

O espaço entre os fugitivos e o Pokémon recém liberado de sua contenção foi preenchido pelo fumo emanado pela criaturinha quadrúpede à medida em que aumentavam ainda mais a distância, usando o teto como um corredor enquanto o Vikavolt lançava mais uma onda de seu Discharge adiante, conduzindo fios de eletricidade que lamberam o ar como chicotes eriçados, explodindo todo e qualquer pedaço de eletrônico que encontrasse pelo caminho. A maioria dos Vagaluzes, no chão, foram atingidos pelo ataque, assim como os Volbeat e Illumise. A cortina de fumaça continuou, o efetivo Poison Gas deixado para trás havia sido o suficiente para esconder seus rastros momentaneamente. A criatura insetóide moveu-se em alta velocidade a ponto de deixar algumas imagens suas estáticas para trás , combinando seu Agility com um Spark, movimentando-se em alta velocidade e com uma espécie de manto elétrico esverdeado ao seu redor conforme um rastro da mesma cor era deixado para trás.

Enquanto isso, pelo caminho, nuvens e mais nuvens arroxeadas eram deixadas para trás. Eventualmente, as cruzando, o Vikavolt acabou por absorver uma quantia de substância nociva à sua saúde, demarcando a atividade do status poison em sua saúde.

O Vikavolt fez mais um uso de seu Agility, compensando sua velocidade em níveis mínimos com um impulso de celeridade capaz de fazê-lo alcançar o trio — rompeu com suas pinças dianteiras eletrizada a última camada de nuvem venenosa, partindo-a no meio apenas para encontrar, na verdade, uma película azul que a bloqueava de continuar adiante — o Protect cumpriu sua intenção ao parar o elétrico que, nessa situação, moveu seus olhos para saber onde estava seu inimigo — e lá encontrava-se presente, o Metang diante de si, num ângulo invertido, com sua parte inferior sendo atraída em direção ao teto. Mais algumas investidas com a pinça foram dadas, trazendo gradativamente rachaduras àquela parede invocada pelo MG-250. Enquanto isso, a sua condição envenenada seguia com malefeitos à sua disposição, aumentando a pigmentação púrpura em suas asas e parte inferior, como era observado pela dupla que estava no chão, desligados do campo magnético do Pokémon metal.

No chão, fora do campo de visão do Vikavolt, ordens eram deixadas para que a Salandit se concentrasse em encontrar o ângulo perfeito daquela emboscada deixada para o Metang cumprir. Logo após o primeiro uso de Nasty Plot, um comando direto foi dado à Pokémon que lentamente perdia seu traços de lentidão e amedrontamento em batalha.

— Incinere com toda força que conseguir! — Ordenou o rapaz, à medida em que passava por debaixo do contato direto entre o Vikavolt e seu Metang, colando suas costas no chão e deslizando em um movimento para a frente, sentindo a alta temperatura do Incinerate subir próxima ao seu cabelo à medida em que o Pokémon metálico já não mais conseguia modelar aquela barreira. O inseto acima foi envolvido prontamente pelas chamas enquanto dividia sua atenção, sendo engolfado pelo púrpuro até revidar em um Bug Buzz, batendo suas asas rapidamente e emitindo um som agudo, que recuou com o fogaréu, atingindo a Salandit ainda no chão. Sem muito efeito, como registrado pelo visor do rapaz. — Metang, jogue-o para longe! Vamos ganhar mais tempo — e agora, com uma força de expansão psíquica atingindo o inseto, seu ataque com o ruído foi interrompido, momento perfeito para a Salandit conseguir se reunir com seu treinador, mostrando sua língua serpentina para o inseto que ficou para trás.

Em resposta ao Expanding Force, a criatura rompeu o próprio campo psíquico com um rápido movimento em seu próprio eixo, concentrando uma quantidade generosa de eletricidade através do Discharge, que conflitou com as ondas psiônicas até conseguir espaço. A criatura não foi empurrada como ordenado, o que preocupou o rapaz.

— Aumente a velocidade, vamos. Salandit, use o momento para se concentrar, vamos! — Subindo em cima do Metang, sentiu quando os resquícios do campo magnético grudaram a sola de seus pés contra o tampo da cabeça achatada à medida em que o movimento acelerador de agilidade entrava em ação e a  salamandra começava a ter aquele mesmo brilho púrpuro em seus olhos aumentando conforme grunhia baixinho, analisando a cena que ficava para trás: um inseto que movia-se em alta velocidade aproximando-se com o último acumulo de Agility, tal qual Metang havia feito apenas por um estágio inicial. — Merda, não vai dar tem- —De repente, uma única movimentação verde foi captada pelos seus olhos: as pinças envoltas por uma energia escura estavam mais próximas do que nunca.

O Metang, tentando acompanhar em velocidade, virou-se a tempo, mantendo seu eixo com os dois braços na altura do fechamento das pinças que, com Crunch, depositaram uma grande quantia de dano à pele biônica da criatura psíquica, prensando MG-250 em uma espécie de mordida à medida em que abria uma brecha em suas defesas. Tanto o rapaz quanto a salamandra foram arremessados no chão nesse mesmo instante, momento que mais uma ordem foi dada para a pequena venenosa que, ouvindo a voz de seu treinador naquele comando de ordem, conforme já estava se acostumando, banhou o inseto inimigo com o seu Incinerate, contudo, sua força foi tamanha que acabou atingindo MG-250 nesse meio tempo. O Pokémon metálico, recém atingido por dois ataques super efetivos, ainda manteve-e no ar enquanto se livrava das pinças.

— Calma, você tá atingindo ele também! — A Pokémon só se tocou desse pequeno detalhe depois, dando de ombros enquanto soltava uma risadinha sem graça abafada. O Metang, incinerado e recém mordido de maneira brutal, moveu ambos o seus braços contra o oponente, concentrando uma grande força psiônica adiante com o seu Expanding Force assim que recebeu ordens mentais através de sua conexão com o rapaz pelo elo telecinético-virtual que carregavam. — Último estágio agora, Salandit. — A Pokémon iniciou a obedecer, contudo, logo em sequência, uma série de gavinhas esverdeadas se expandiram pelo corredor, trazendo aquele sibilo de eletricidade consigo.

Metang foi atingido em cheio, sendo jogado contra o teto à medida em que seus visores começaram a denotar baixa atividade neural e de saúde. A Salandit, por sua vez, mal começou a se concentrar e foi varrida para trás, momento em que seu treinador teve que se lançar em sua direção, deslizando no chão para trás e a agarrando com os braços. Por sua vez, o rapaz foi atingido pela voltagem de maneira a gritar enquanto sentia a dormência afetando seus membros inferiores e superiores, tremendo dos pés à cabeça conforme diversos avisos eram dados com relação a falha de atividade motora e a presença de um status de paralys como resultado. Toda sua atividade motora encontrava-se comprometida por uma lentidão que, em dados momentos, ainda o incapacitavam de se movimentar por completo.

— Continuem… — lentificado, vociferou.

Observou o momento em que o Vikavolt atingiu mais um Crunch no Metang, ainda caindo do teto, o mordiscando de maneira violenta à medida em que, com um agarrão de suas pinças, girou em seu próprio eixo e o arremessou contra o chão. Com seus movimentos comprometidos, teve tempo apenas de mentalizar uma barreira protetora ao redor do metálico, que o fez, evitando totalmente a onda sônica de Bug Buzz que veio logo em sequência, que certamente seria o suficiente para deixá-lo fora de consciência. O rapaz observou a Salandit após a concentração máxima possível começando a observar seu oponente com olhos maliciosos, como quem tem um alvo perfeito em sua mira.

— Mais um… incine- — Veloz, do contrário do rapaz, o Vikavolt desistiu de perfurar a barreira de Metang e passou a voar na direção da Salandit, no colo de seu treinador, com um Spark — ra… — a criatura já estava tão próximo que era possível ouvir o zunido de suas asas a projetando adiante. — te! — Então, a combustão de chamas púrpuras ganhou espaço entre o inseto e a criaturinha com o homem que a segurava em seu colo. Uma quantidade massiva dessas labaredas lamberam o Pokémon inseto que tentou seguir adiante, abrindo caminho com sua película elétrica, mas foi varrido para trás prontamente.

O rapaz pensou em algo que poderia livrá-lo daquele estado de paralisia. Entre alguns dos frascos de poções disponíveis, havia um responsável pelo livramento de condições — ao selecioná-lo, sentiu todo o seu corpo sendo aliviado pela dose do líquido quase que convertido em soro aplicado de maneira intracutânea por um processo de microagulhamento da própria pele biônica. Na sequência, já recuperado, encontrou um outro tipo de item entre os demais que havia recolhido ainda na nave quando acodara há alguns dias atrás. A bateria cilíndrica foi ejetada da palma de sua mão através de um orifício que ganhou espaço ali em questão de segundos. Dessa maneira, quando o Vikavolt tentou combater a onda de incineração contra ele com um Discharge, o item foi lançado acima.

Em instantes, foi como se a Cell Battery absorvesse completamente aquela energia esverdeada liberada pela criatura. As gavinhas de choque foram absorvidas para a proximidade com a bateria, armazenando a eletricidade em seu interior enquanto tremia, como se estivesse prestes a estourar. Isso fez com que a Salandit ganhasse mais tempo ao utilizar pela segunda vez seguida seu movimento de incineração, seguido pelo instante em que as defesas do Pokémon biônico mais atrás do combate principal desciam e, através do seu visor ocular compartilhado, o seu treinador teve o ponto de vista do Pokémon ao mesmo tempo em que tinha o seu — o observava por um ponto cego enquanto o vislumbrava ser banhado pelas chamas púrpuras enquanto suas faíscas de eletricidade eram absorvidas naquele item singular.

— Expanding Force! — Com isso, o inseto foi arrastado pelo empurrão psiônico, levando dano enquanto era movido, agora, ao encontro do Incinerate exalado pela sua boca aberta. Em dado momento, a criatura elétrica foi coberta por ambos o lados por elementos que lhe causavam dano num geral e, quando finalmente aquele Cell Battery foi retornado para a mão do rapaz como se algo já programado, uma explosão se criou no centro daquele corredor, afastando ambos os polos para extremidades opostas — o Metang lançado em uma direção e o treinador com sua salamandra para outra. — Salandit, de novo, siga com-

Contudo, o Vikavolt já havia se recuperado. E com sua agilidade em alta, movimentou-se tão rapidamente com seu Spark a ponto de retirar a quadrúpede dos braços de seu treinador no momento do impacto. Tendo a atingido ainda no ar, foi questão de tempo até conseguir focar o seu Discharge em mais uma dispersão elétrica ao seu redor e, agora, sem a proximidade do Metang, talvez fosse um ataque final em ambos os Pokémon, que já estavam a um fio de consciência de tornarem-se incapazes de batalhar. Contudo, foi diante desse movimento que o rapaz pensou rapidamente, mirando uma espécie de “estalo” de dedo na direção do Vikavolt. Assim que internalizou cognitivamente a ação, a esfera bicolor foi disparada em uma velocidade considerável, cruzando o percurso e atravessando as gavinhas de eletricidade que se expandiam pelo território, já tendo atingido a Salandit e jogando-a contra a parede.

A Poké Ball atingiu o Vikavolt profundamente ferido e afetado pelo envenenamento. Tremeu no ar e, então, caiu no solo. E moveu-se uma vez. Duas vezes.

Três vezes.

O centro tornou-se esverdeado.


O rapaz sentou no chão, ofegante.

— Parece que acabou — em meio ao corredor repleto de destroços da base dos Vagaluzes, o rapaz ouviu a voz de Mira emanar da Pokédex: ”Ameaça de Alto Nível neutralizada.” Então, uma série de dados do Pokémon inseto foram inseridos em seu visor, junto com o seu estado de saúde atual em níveis críticos. Rapidamente uma dose de Hyper Potion foi gerenciada para melhorar a saúde da criatura. — Bem, agora só precisamos sair daqui — retornou a Salandit e observou que Metang estava gravemente ferido. Sem mais passos ouvidos, era de se supor que os Vagaluzes haviam batido em retirada da tal Base-Lumina após a invasão no sistema ocasionada por Mira e o roubo amplo de seus dados com a liberação de seu principal gerador de energia.