[CL] Dazzling Gleam

alvez eu devesse agradecer por muitas coisas, sabe? Meus sonhos estavam se realizando aos poucos e cada dia que passava era uma nova conquista, uma nova descoberta dentro de mim. Hoje me pego sentada na antiga sala que um dia fora de Lara, minha ex-produtora e agora sócia na Coconut Music, pensando em como o mundo dá voltas. Deixa eu te contar um pouco do que aconteceu desde o ano passado para cá.

Após minha viagem à Pardosa e todo aqueles ensaios fotagráficos, o encontro com um marmanjo com a melhor trepada da minha vida até o momento, minha música de lançamento na época "Chamada" apareceu em todas as paradas de sucesso nas rádio de Limford e, aos poucos, já estava tocando bastante em Seaquanis. Só de lembrar na minha emoção ao receber as notícias do sucesso estrondoso que a primeira música estava faendo fico toda arrepiada. A minha gravadora conseguiu altos contratos com algumas rádios pra divulgarem meu álbum de estréia, mas aí então o sonho desmoronou.

Quando voltei da viagem com as artes do álbum prontas, descobri que estava grávida do Ás, o tal malandrão que me comeu e sumiu por Neo Zenos. Meus pais ficaram uma fera comigo e a mídia, assim que descobriram da gravidez, massacraram-me de críticas negativas e o boibote ao meu primeiro álbum de estúdio veio, acabando por engavetá-lo. Como tudo não podia ficar pior, ainda no primeiro mês de gestação descobri que gerar uma criança em meu ventre despertou uma doença desconhecida pelos médicos e que isso levou ao aborto espontâneo algumas semanas após a descoberta da doença. Sim, eu jamais poderia gerar uma criança.

A depressão tentou me pegar durante a recuperação do aborto, mas Roxy e Martín estavam lá comigo o tempo todo. Peter também fazia presença constante em minha casa, o que nos aproximou e hoje estamos próximos do quarto mês de namoro. Que louco, não? Sobre a doença, ela segue sem nome ou cura, e tudo que preciso fazer é manter minha imunidade alta o suficiente para não sucumbir. Além disso, sexo seguro seguro sempre pois eu sou o vetor de uma doença não catalogada, sabe-se lá se alguém pode contrair a doença. Por sorte, os médicos do Hospital Primeiro de Limford são muito bons e já estão estudando a doença, logo mais poderemos ter atualizações sobre ela.

Voltando à minha carreira de cantora afundada... Bem, tudo parecia perdido, mas a Lara sempre acreditou no meu potencial e conseguiu virar o jogo ao nosso favor. A mídia sensacionalista aproveitou da minha doença, o aborto espontâneo por conta da doença rara e o declínio da minha carreira para entregar à população limfordiana um prato cheio de perdão público e descancelamento. Logo, minha página na Dexit bombou ainda mais e eu passei de cantora falida à subcelebridade em alta. Depois de muitas publis e propagandas, além de estrear o meu próprio programa de rádio na Disco House, nova parceira da Coconut Music, eu comprei metade da minha gravadora e estou trabalhando como co-produtora ao lado de Lara Tullany. Por falar nela, ela e Collin se divorciaram no final do ano passado e ele ficou com o apartamento caríssimo deles, enquanto ela ficou com a gravadora. Hoje já estamos lucrando bem mais e agenciando muita gente nova e que promete.

Aah, eu quase esqueci de contar, mas eu mudei pra um apartamento mais central e perto do trabalho e agora dedico minha vida à aprender um pouco mais sobre agenciamento de carreiras e melhorando as habilidades de meus pokémon. Dá um like se quiser como estão meus monstrinhos.

eth encarou-me do canto da sala, seu lugar favorito desde que chegamos à nova casa. A experiente spritzee lançou-me um olhar nada amigável quando Peter entrou. Sim, eles não se davam muito bem, mas uma hora o rapaz iria conquistar o coração da fada. Ele sentou-se no sofá e admirou a construção.

— É uma bela casa, Cooper.

— É pequena, mas o suficiente para mim e minhas meninas. — sorri, sentando em seu colo e o beijando de frente. Ele agarrou meu quadril e o beijo ficou mais intenso. Beth piou e deu às costas. Rimos.

— Ela não vai com a minha cara, né?

— Uma hora ela vai gostar de você, eu espero... — Odeth pulou no sofá e sorriu para Peter — Em compensação, essa daí está apaixonadíssima por você.

— É verdade. — ele sorriu e agarrou a azurill — Não consigo superar essa pequena com cheirinho de lavanda.

— É o banho favorito dela, é mole? Uma azurill exigente. — levantei e fui em direção à cozinha — Vou preparar o jantar.

— Qual o cardápio de hoje?

— Tô pensando em fazer uma sopa de legumes. O que acha?

— Eu adoro a ideia.

— Só faz um favor pra mim? Vai lá na despensa e pega a ração das meninas? Elas devem estar famintas.

— Pro wooloo também?

— Não, ele vai detestar que você coloque comida pra ele.

— Hum, saquei.

Enquanto Peter enchia as vasilhas de ração de Beth, Odeth, Goreth e Margot, segui preparando o jantar para a social desta noite. Martín chegaria com Lara e Roxy viria com o novo namorado. Era uma noite de comemorações, visto que acabamos de renovar o contrato para mais um temporada do meu programa na rádio da Disco House e assim mantendo firme a divulgação dos artistas da Coconut Music. A noite seguiu conosco jantando juntos e nos divertindo pra caramba como sempre vínhamos fazendo.

— Lory, o que você está pensando em fazer agora? — perguntou Martín no canto oposto da mesa.

— Sobre o que?

— Bem, você logo entrará de férias e seu programa só volta ao ar daqui a alguns meses. O que pensas em fazer?

— A gente podia viajar, né Lory? — entusiasmou-se Roxy.

— Amor, nós não estamos de férias. — lembrou o namorado dela, Timothy.

— Iih, verdade.

— E então Cooper, o que vai fazer?

— Eu ainda não pensei muito bem... — sorri, tímida.

— Eu bem acredito que você deveria treinar um pouco mais seus pokémon, Mallory. — começou Lara — Se você recebesse um convite para desafiar o ginásio de Limford, seria um boom incrível pra sua carreira de influencer.

— Isso sim é verdade. — concordou Martín.

— Mas onde vou encontrar alguém para me ajudar? Não tenho muita capacidade de treinar sozinha e as meninas de Pardosa estão muito ocupadas com a pousada lá.

— Eu tenho um amigo. Talvez ele te ajude se eu pedir.

— Consiga isso para ela que eu reorganizo nossas agendas para daqui a dois meses. — Lara sorriu, empolgada.

— Ai, vai ser tudo se ela receber um convite de desafio de ginásio. — Roxy e os outros riam.

— É, seria bem louco...

Na minha mente, eu não era muito capaz de treinar um pokémon para batalhas. Ver Margot e Beth sofrendo foi horrível. Além disso, Odeth desmaiou lá no Deserto e ainda tem Ruth... Como que eu vou dominar toda aquela brutalidade? Perdida em pensamentos nem me dei conta que meus amigos já estavam indo, sobrando apenas Peter e eu. Nos encontramos na varanda e, observando a chuva, ele me abraçou carinhosamente por trás.

— Eu nunca pensei que ia estar assim com você, Cooper.

— Assim como?

— Te abraçando assim, todo romantiquinho, beijando seu pescoço e admirando a chuva.

— Só não vai ficando "alegrinho" demais que as meninas estão dormindo na minha cama. — Goreth e Odeth dormiam em cima da cama, enquanto Margot dormia no tapete.

— Tudo bem, tudo bem. Já entendi que tenho que ir pra casa. Só não quero que fiques triste, viu? — ele beijou meu pescoço e me virei para beijá-lo. Após o beijo ele continuou — Você é mais do que capa de treinar seus pokémon, eu sei disso e confio em você.

— Eu tenho muito medo, Peter, de não ser boa o suficiente pra elas e não aguentar vê-las sofrer...

— Você vai conseguir. Vou falar com esse meu amigo que tem um centro de treinamento em Ylium. Certeza que ele encontra uma vaga pra te treinar.

— Eu queria que você pudesse ir comigo. — ele me abraçou mais forte.

— Também queria, mas eu trabalho. Porém, vou tentar tirar alguns dias de folga durante o tempo que você ficar lá pra poder te ver, tá certo?

— Promete? — sorri.

— Prometo.

Nos beijamos e ficamos aninhados na varanda até Peter ir embora. Talvez as coisas realmente fossem mudar ainda mais.

cada novo dia, minha vida parecia mudar completamente. Pensar em como lidar com meu futuro era algo que eu não fazia há muito tempo após a descoberta da doença e, algumas semanas após o jantar tomei a decisão de partir de Limford. Sim, eu deixaria minha casa, meu trabalho e minhas comodidades para tentar, de uma vez por todas, seguir a minha verdade: a música.

Nesse último ano a mídia me massacrou por ter feito escolhas que não agradava à eles e isso me custou minha carreira como cantora. Ao invés de lutar, bater de frente, optei por recuar e encontrar um novo caminho. Mas essa não era a Lory. Era o medo. O medo de perder o pouco que conquistei e ser jogada, mais uma vez, ao nada. Eu TINHA que lutar. Arrumei algumas poucas coisas e segui para a estação, onde Martín já estava me esperando.

— Você tem certeza disso, Lory? — ele parecia preocupado.
— Sim, Martín, tenho sim. Eu preciso disso. Preciso buscar a minha verdade enquanto tenho tempo. Aposto que Lara irá entender.
— Você é muito teimosa às vezes, Lory Cooper. — ele sorriu — Aqui está o endereço do cara que vai te ajudar em Atomia. Só tenha cuidado.
— Eu terei, Martín, não se preocupe.
— Outra coisa, Peter sabe?
— Não, mas uma hora contarei para ele.
— Tá certo. — ele me abraçou e esperou que eu subisse no trem.
— Mande um abraço forte para Lara! — gritei e ele assentiu.

Assim, parti para Seaquanis rever um velho e querido colega.