[CL] A Cidade Prismática

A CIDADE PRISMÁTICA

Sob o prisma do arco-íris

- Tá bem, Mesh, eu já sei. Aqueles caras que encontramos quando estávamos passando por Ylium não eram de confiança, mas pelo menos chegamos aqui, não chegamos? - exclamava o garoto, sorrindo e abrindo os braços, de costas para a cidade na qual chegavam, como quem dando às boas vindas - Njorlune, o berço da ciência!

O pequeno Klink apenas girou suas engrenagens, revirando os olhos em resposta. Apesar do bom humor de seu treinador, a viagem não havia sido fácil. Primeiro porque tão logo afastaram-se de seu antigo lar, no meio da noite, foram pegos de surpresa por uma questão que nenhum deles previra: para onde iriam?

Rick jamais havia saído de Pardosa, e tudo o que conhecia de Neo Zenos havia sido lhe contado pelo pai. Não, seu criador. E, de todas as cidades, a que ele mais exaustivamente contara histórias havia sido, sem sombra de dúvidas, Njorlune, cuja academia Clifford havia estudado antes de mudar-se para Pardosa, levando consigo sua tecnologia inovadora de captação dos ventos e utilização da energia convertida para enriquecimento do solo.

O jovem de cabelos laranjas estava longe de querer seguir os passos de Clifford, mas convenceu-se de que Njorlune era, sem dúvidas, a melhor opção para ele. "Não seguirei pelos mesmos passos que ele. Pelo contrário, usarei de suas armas para mostrar que posso ir mais longe do que ele jamais sonhou!" e, assim, Rick e Mesh partiram pra Njorlune, na calada da noite.

Já era manhã quando finalmente chegaram à cidade. O brilho do sol fazia a cidade prismática refletir incontáveis acro-íris por todos os lados que a dupla pudesse olhar, encantando-os com seu esplendor.

- Então, Mesh, preparado? - e, sem esperar por uma resposta, o rapaz entrou pela cidade a passos firmes, seguido de perto por seu Pokémon.

A CIDADE PRISMÁTICA

Sob o prisma do arco-íris

resultado de dado de evento:

- Vamos, Hatenna. Se aqueles frouxos da academia não querem batalhar conosco, vamos encontrar quem queira.

Já era mais pra metade da tarde, eu e Mesh havíamos conseguido explorar bastante coisa e conhecer melhor a estrutura da cidade sim si, o que ajudaria muito para nos guiarmos no futuro. Estávamos em uma das praças, descansando ao sol e aproveitando um pouco do clima.

- Quem eles pensam que são, recusando nosso desafio só porque sou uma garota e ainda sou Rank D?! Aposto como tenho notas melhores do que a maioria deles, bando de covardes. - continuou a voz de garota, enfim despertando minha atenção.

Abri os olhos e voltei o rosto para onde vinha a voz. Tratava-se de uma garota, talvez um pouco mais nova do que eu, baixinha e bochechuda, de cabelos rosa claro, parecendo chiclete, que escorriam lisos até a altura de seu ombro e voaram leves quando ela virou rapidamente seu rosto e olhou diretamente para mim, percebendo que eu a observava.

A garota seguiu em minha direção em passos firmes, uma pequena Pokémon de colorações rosa e azul a seguia logo ao lado, saltitando para acompanhar sua treinadora.

- Ei, você, garoto com o Klink, vamos batalhar. - disse, quando já estava próxima o suficiente, fazendo uma pose confiante.

- E quem é você mesmo?

- Eu me chamo Beatrice. Sou uma treinadora Rank D e estudante da academia de Njorlune. Mas então, vamos batalhar ou não?

- Você é bem apressadinha, não é mesmo? Mas tudo bem, vamos sim. Estava sem nada para fazer, mesmo, e é bom me habituar melhor com as batalhas. - levantei-me e segui em direção ao caminho que levava às arenas, Mesh flutuando sobre meu ombro. Dou-me conta, então, de que a garota estava ainda parada no mesmo lugar, como se não acreditassem que havia encontrado alguém que aceitasse seu desafio - Então, vamos ou não? A propósito, eu me chamo Richard, mas pode me chamar de Rick. Comecei hoje a trabalhar como estagiário com o Garceov, e pretendo me matricular na academia quando puder.

- Nossa, por Garceov você quer dizer aquele Garceov?

O questionamento da garota me deixou confuso. Que eu soubesse, ele era o único com esse nome. Resolvi perguntar.

- Acredito que sim, porque? Tem algum problema?

- Não, não, problema nenhum... - seguimos alguns instantes de um estranho silêncio - Só que dentre os calouros da academia se comenta que ninguém dura muito tempo na vaga de estágio com ele, mas ninguém nunca sabe o porque, e quem sabe não conta. Mas imagino que seja porque ele é bastante rigoroso, ou pelo menos me passa essa impressão.

- É, deve ser isso mesmo... - concordei, mas sem muita certeza. - Enfim, chegamos. Eu só tenho o Mesh aqui, então pode ser uma batalha de um contra um?

- Claro, sim. Eu também tenho apenas a Tenna. Então, vamos começar. Tenna, Psybeam!

- Ei, calma... Rápido Mesh, use sei Autotomize e desvie disso!

Mas Beatrice havia se adiantado e não havia como ter tempo de desviar. O Psybeam atingiu Mesh em cheio antes que ele pudesse tomar qualquer ação, jogando-o ao solo. O impacto pareceu pesado, mas o Pokémon logo voltou a flutuar, usando então seu Autotomize.

- Ehm? Mas você não estava prestando atenção? Tem que ser mais atento! Vá Tenna, acerte-o com seu Play Nice.

- Mesh, rápido, desvie para o lado e acerte-a com seu Gear Grind!

Com sua velocidade elevada, meu Klink começou a avançar em direção à Hatenna em ziguezague, pronto para desviar do movimento da adversária. Contudo, o que eu não esperava - pois não sabia - o movimento que ela tinha usado não errava. A psíquica deu um rodopio e começou a saltitar feliz no mesmo lugar, momentos antes de ser atingida pelo Gear Grind de Mesh, que acertou-a com ambas as engrenagens girando. Com a redução de seu ataque antes de acertá-la, o dano não foi tanto quanto eu esperava, mas ainda assim havia deixado-a consideravelmente cansada.

- Tenna, consegue continuar? Nada mal, Rick. Mas isso não irá acabar por aqui. Vamos, use seu Life Dew e siga com Psybeam!

- Mesh, não deixe que ela o acerte, vá para cima novamente com seu Gear Grind!

Ao entorno da Hatenna surgiu um tipo de fonte de água, banhando-a e aparentemente recuperando parte de sua saúde, enquanto meu Pokémon seguia veloz em sua direção. A psíquica carregou em sua testa seu Psybeam e o disparou em Mesh, em um golpe que seria certeiro, caso ele não tivesse separado suas engrenagens, uma para cada lado, da mesma forma que havíamos executado na luta contra Garceov. Aproveitando-se então da situação, Mesh tornou a atingi-la com suas engrenagens giratórias, agora de ambos os lados, pressionando-a.

Ao se afastar, a Hatenna estava caída no solo, fora de combate.

- Tenna! - Beatrice correu até sua pokémon e a pegou no colo. Tenna recobrou a consciência e parecia bem, precisava apenas descansar. - Você batalhou bem. Vocês dois, aliás. Acho que eu preciso melhorar, se quiser que os outros me levem a sério o suficiente para aceitarem meus desafios, hahaha... - a garota riu, sem graça e parecendo desestimulada.

- Não pense assim, vocês batalharam muito bem, também. Venha, vamos postar nossa batalha no Dexit. Tenho certeza de que depois que os outros a virem batalhando, irão começar a levá-la à sério.

Seguimos até o terminal, do qual aproximamos nossas Pokedex para vincular nossos IDs e fizemos upload do vídeo da batalha.

- Bem, nós vamos indo, Tenna precisa descansar. Espero encontra-lo de novo. Quando conseguir se matricular, quem sabe a gente se tope pela academia.

- Claro. E então podemos batalhar de novo, se quiser.

A garota foi logo embora, e então eu e Mesh aproveitamos para retornar ao nosso quarto também. Esperava que o dia seguinte pudesse ser mais produtivo. Phil estava esperando por mim, e eu não tinha tempo a perder.

TOMADA E VOLTS

Sob o prisma do arco-íris

Acordei com um espirro. Ao que parecia, apesar de todo o sol que pegava em  Njorlune, eu ainda precisaria me habituar com os ventos que aqui eram mais frios, apesar de tão constantes quanto em Pardosa.

Ao abrir a Pokédex, pude ver que o clima mantinha-se o mesmo do dia anterior, apenas com algumas nuvens a mais. Contudo, o que acabou por chamar minha atenção foi um dos anúncios fixados:

Magnata escreveu:Magnata iniciante em busca de engenheiro habilidoso capaz de alcançar o conceito perfeito de um item benéfico à Pokémon Elétricos, com base no Cell Battery.

Nesse mesmo instante sentei-me em um único pulo na cama que acabei por bater com força no teto de aço rebaixado sobre ela, sobre o qual haviam compartimentos. - AI! - exclamei, acordando Mesh no surto mas logo já ignorando a dor. - Olha isso, Mesh! Um trabalho como esse era tudo o que eu tava esperando! Vamos ver o pagamento... É, ¢35 Bitcoins é uma micharia pra um trabalho assim! Mas é um magnata iniciante ou um pobretão tentando lucrar no trabalho dos outros? - Mesh pareceu também achar pouco, uma vez que revirara seus olhos ao mesmo tempo em que girava em suas engrenagens, o que criava um efeito bastante engraçado, pra dizer a verdade - Bem, contanto que eu tenha o reconhecimento por isso, acho que podemos considerar como algum começo, ao menos. Vamos logo, quero perguntar ao Gerceov se ele deixa eu usar o espaço da oficin... digo, escritório dele pra fazer isso.

Em menos de 20 minutos eu já saía da pousada, de banho tomado e alimentado, carregando minha maleta de ferramentas orgulhosamente.

TOMADA E VOLTS

Sob o prisma do arco-íris

resultado de dado de evento:

Seguimos rapidamente pelas ruas de Njorlune rumo à academia. Dava passos largos, apressado, enquanto pesquisava freneticamente em minhas anotações na Pokédex. Eu lembrava de já ter feito anotações sobre reserva e amplificação de energia, nos mesmos princípios do Cell Battery, em algum lugar, apenas precisava encontrar onde...

Quando ergui novamente a cabeça para conferir por onde andava foi que me dei conta de que havia dobrado alguma rua por engano, pois acabara chegando em um lugar onde nunca estivera.

Tal qual como no bairro onde encontrava-se a pensão onde eu estava dormindo, ali o sol não parecia chegar diretamente pela maior parte do dia, salvo quando estivesse à pino. Contudo, isso não diminuía em nada a beleza do lugar: toda a luz que refletia´se pela cidade chegava até aquela praça colorindo-a com cores que eu poderia jurar jamais ter sequer visto, dando a tudo um ar mágico. Não haviam muitas pessoas por ali, mas era possível ouvir risadas de crianças se divertindo, ao longe.

- Olhe, Mesh! Que lugar incrível!. - o pokémon girou em concordância. Nossa atenção foi então chamada para uma criatura de um cinza esverdeado que pairava pela praça, aparentemente à esmo. Seria um Pokémon?

Saquei logo minha Pokedex e apontei sua câmera para a criatura, para identificá-lo.

Pokedex escreveu:

Elgyem, o Pokémon Cerebral. Se este Pokémon estiver perto de uma TV, um cenário estranho aparecerá na tela. Seu cérebro altamente desenvolvido permite exercer seus poderes psíquicos.

- Nossa, é um Pokémon que eu nunca havia visto antes! - exclamo, impressionado, me aproximando. "Sério? Pois eu poderia jurar que tem muita coisa que você nunca viu antes..." disse uma voz na minha cabeça, enquanto o pokémon cobria sua boca com uma das mãos para conter um riso.

- Você é capaz de usar telepatia?! Isso é incrível! - minha admiração pelo pokémon apenas aumentara, além de ele ter uma aparência bem fofa. Eu certamente o capturaria.

"Sou, e você certamente é um gênio, conseguindo descobrir isso sozinho tããão rápido..." e mais risadas do pokémon. - Pois vamos ver se você ainda vai ser tão engraçadinho assim depois de eu capturá-lo. - corri confiante, Mesh já tomando a frente. "Pois pegue-me, se for capaz!"

O pokémon então desapareceu do lugar aonde estava. Será que havia escapado? Eu e Mesh ficamos olhando de um lado para o outro, aturdidos, quando ouço novamente a voz em minha mente "Você é lento assim mesmo ou só se faz?". Pude então "sentir" de onde vinha a voz e virei rapidamente para trás, acompanhado por Mesh, bem em tempo de ver o Elgyem liberar uma onda de energia que atingiu meu pokémon em cheio, jogando-o para longe. "Vamos logo, se não puder acompanhar não terá graça!", e então desapareceu novamente.

Ao que parecia, tudo aquilo não passava de uma brincadeira para ele. Pois se era assim então entraria em seu jogo. - Rápido, Mesh, use seu Shift Gear e mantenha-se atento para onde ele irá surgir para que possa desviar.

Ficamos ambos, então, de olhos e ouvidos atentos aos arredores. Não demorou muito para que surgisse um breve ruído de deslocamento de ar. - Bem ali, Mesh! Acerte-o com seu Gear Grind antes que ele desapareça de novo!

Mesh então separou suas metades e partiu para cima do Elgyem, ambas girando ameaçadoramente e em grande velocidade. O pokémon psíquico desferiu mais um Confusion contra meu Klink, atingindo-o mas sendo incapaz de refrear sua poderosa investida, acabando por ser gravemente atingido pelas engrenagens e derrubado no solo, desaparecendo novamente em seguida.

- Não acha que era melhor desistir de uma vez? Não pode vencer. - afirmei, tentando adiantar o final da batalha, mas parecia que ele tinha uma opinião diferente. "Tem certeza? Pois de uma boa olhada em seu pokémon antes de contar vitória!".

Meus olhos correram rápido na direção de onde Mesh se encontrava. Ele estava flutuando sem parecer ter recebidos graves danos, mas havia alguma coisa errada... suas engrenagens não pareciam encontrar-se no encaixe ideal de costume, e ele parecia... tonto? Havia sido pego na confusão.

- Mesh, aguente firme! Mantenha o foco! Acerte-o novamente com seu Gear Grind quando ressurgir

"Tarde demais!". Elgyem surgiu novamente do nada, pegando Mesh de surpresa com seu Spybeam, atingindo-o com uma onda de poder psíquico condensado. O Klink ainda separou-se em suas engrenagens para obedecer meus comandos, mas acabou apenas que ele colidiu uma com a outra.

"Esta acabado!", disse em minha mente e então avançou contra meu pokémon, no uso de seu Headbutt.

- Mesh, mantenha o foco! Tenha controle de si mesmo. Intercepte-o com seu Vice Grip e acabe com isso!.

"É inútil!"

Mas ele estava errado. Quando ele estava prestes a atingir Mesh, o metálico recobrou sua consciência e prendeu o adversário dentre suas engrenagens, pressionando-o e apertando. Elgyem já estava longe de ser capaz de continuar a batalha, após os danos sofridos, mas ainda debatia-se para se soltar. "Me solte, eu ainda consigo...".

Mas eu não esperaria para ver. Aproveitei que ele estava imobilizado por Mesh e joguei minha pokéball, a qual o absorveu, dando início à tentativa de captura.

- Vamos lá, vamos lá...

TOMADA E VOLTS

Sob o prisma do arco-íris

resultado de dado de evento:

A esfera bicolor girou uma, duas vezes, e então rompeu-se, libertando Elgyem. O pequenino então rugiu contra Mesh, reduzindo um pouco seu ataque com o Growth.

"Achou que seria fácil assim? A diversão ainda não acabou.". Aparentemente ele estava muito cansado para continuar usando seu Teleport, pois permaneceu ali, avançando contra meu pokémon novamente com um Headbutt, mas de uma forma mais lenta, agora.

- Mesh, aproveite a chance, desvie e derrube-o com Gear Grind!

E foi assim que ocorreu. Elgyem estava lento e cansado, e não conseguiu ser tão ágil quanto Mesh, que estava com sua velocidade aumentada por seu Shift Gear, então não teve chance alguma quando o metálico avançou rapidamente em sua direção, ignorando o movimento que não seria capar de acertá-lo e então atingindo-o o psíquico com ambas as engrenagens de cima para baixo, jogando-o contra o chão, fora de combate.

- Por favor, que dessa vez funcione... - joguei minha pokéball e aguardei, cruzando os dedos.

TOMADA E VOLTS

Sob o prisma do arco-íris

resultado de dado de evento:

A pokébola finalmente parou imóvel, completando sua captura. Suspirei aliviado e segui até onde ela estava, caída ao solo.

- Vamos, Mesh. Precisamos levar você e nosso novo amigo para um Hospital para curá-los.

Retornei o Klink para sua pokéball também, para que ele descansasse, e pesquisei em minha Pokédex onde era o Hospital mais próximo, para que pudesse recuperar a saúde de meus pokémon, animado com a captura.

TOMADA E VOLTS

Sob o prisma do arco-íris

SideQuest:

A ida ao Hospital acabou sendo mais demorada quanto eu gostaria, visto que optei pelo serviço gratuito, já que estava evitando o máximo possível os gastos, então o fato de eu ter levantado horas antes e com pressa não seria o suficiente para que eu conseguisse chegar mais cedo.

Com meus pokémon recuperados, já era hora de partir para a sala de Garceov focar em meu projeto. Mas não sem antes, é claro, postar no Dexit uma selfie com meus pokémon, com a legenda: Bem vindo, Glintch, nosso novo companheiro".

Ao finalmente chegar à academia e ao "escritório" do Garceov, pude já encontrá-lo lá. Como temia, eu estava atrasado em 15 minutos.

- Está atrasado. - categórico. Mas não parecia uma repreensão ou algo do tipo, apenas uma constatação - Parabéns pelo seu novo Elgyem, é um bom pokémon. - completou, apontando para sua Pokédex. Nem eu esperava que ele era tão ligado assim ao Dexit.

- Muito obrigado, professor. Inclusive, tem algo que gostaria de conversar com o senhor. - contei, então, sobre o anúncio e pretendia atendê-lo, e também questionei se eu poderia usar o espaço de seu escritório para isso.

- Claro, claro, sinta-se à vontade. Acho que naquela mesa lá no canto tenha espaço suficiente e também alguns materiais velhos que deixo justamente para experimentos, ao invés de descartá-los. Acredito que vá encontrar uma ou outra Cell Battery que já não funcionam mais da mesma forma. Não serviriam pra algo muito útil, mas devem ajudar no projeto.

A oferta foi tão generosa que até mesmo estranhei, apesar de que, considerando o tanto que ele já fizera por mim e também o quanto mais teria feito se pudesse, até não era tão estranho assim. - Nossa, Garceov, muito obrigado!

- Não se preocupe, garoto, está aqui para aprender, e impedi-lo de exercer seus próprios projetos não me seria favorável. - deu então um sorriso confiante, o que me livrou de quaisquer preocupações - Sem falar que não tem porque agradecer, afinal irá trabalhar comigo pela tarde também para compensar, afinal eu também tenho meus próprios projetos que quero concluir e que vou querer uma mão sua. Hahaha - deu uma gargalhada típica sua. Já eu não ficara assim tão contente por acabar tendo que passar o dia inteiro preso ali no escritório dele mas, pensando bem, seria melhor pros meus objetivos pessoais, então não tinha do que reclamar.

Garceov ficou curioso sobre o que eu estava pensando, então tivemos uma longa conversa sobre os princípios que eu tinha relacionados a captação, armazenamento e amplificação de energia. Ele ficou legitimamente impressionado com meu conhecimento dessa área da engenharia, então logo expliquei que era porque era basicamente o que eu mais exercia antes de sair de Pardosa.

O professor então questionou sobre vários pontos do projeto, como as razões pelas quais eu escolhera cada objeto e material. Não fez nenhuma consideração, apenas questionou mesmo, então imaginei que ele não pretendia concordar ou discordar de nada, apenas testar meus conhecimentos.

Sem mais delongas, ele apontou onde eu poderia encontrar cada um dos materiais que precisaria e ficou apenas observando enquanto eu trabalhava, em total silêncio.

Comecei, primeiro, pegando duas das Cell Battery que ele dissera que já estavam gastas e apresentando mal funcionamento. Retirei, com muito cuidado, o encapamento que havia sobre ambas, de forma a não danificar nem a capa nem, tampouco, o interior das baterias.

Após, separei dois ímãs de tamanho e espessura idênticos, e chamei Mesh para me ajudar. Precisava moldar os imãs para o formato ideal, de modo que eles envolvessem os núcleos das Cell Batteri, com sua face positiva para dentro, tornando-se sua nova "capa". Poderia ter usado uma das diversas ferramentas que haviam pelo escritório para isso, mas Mesh sempre teve muito prazer em me ajudar, e eu também gostava muito mais de bolar algo quando ele estava junto, sem falar que a precisão do pokémon, ao usar seu próprio corpo, seria muito maior do que a de uma ferramenta sem vida.

Isso feito, pude finalmente encaixar os ímãs com o mesmo polo em volta das baterias e não pude deixar de comemorar "Yes, encaixe perfeito! Obrigado, Mesh.". Os imãs, por si só, se repeliam naturalmente por serem forçados com o mesmo polo a se unirem, então apenas os deixei de lado por enquanto. Estava na hora da terceira parte da operação, e a mais mecânica delas.

Catei por dentre os materiais ali, buscando dobradiças, hastes de metal, condutores, tudo que fosse do tamanho ideal que eu estava buscando. Fiquei impressionado com o tanto de tralha que Garceov guardava ali, o que me levou a questionar pra mim mesmo se não seria apenas coisas que ele ia esquecendo de descartar.

Assim que consegui encontrar todos os materiais que precisava, me coloquei novamente a trabalhar, sempre requisitando da ajuda de Mesh quando precisava moldar algum material mais resistente.

Por fim, havia finalmente conseguido criar uma estrutura que serviria de suporte para a bateria envolta em ímã, servindo também tanto para segurar os ímãs unidos em volta das baterias quanto para fazer a conexão dos polos positivo e negativo das próprias baterias.

Após tudo devidamente fixado, acionei o dispositivo. A parte mecânica, então, tratou de separar os dois ímãs, que estavam com seus polos positivos encobrindo as baterias, e girou-os, de forma que a face agora em contato com elas fosse a negativa.

- FINALMENTE, TERMINEI! - exclamei, pegando o item em minhas mãos e erguendo-o - Vou batizá-lo de... Magnetic Battery!

- Uau, você conseguiu mesmo, não é? Muito bem, meu rapaz. Meus parabéns! - elogiou Garceov, bagunçando meus cabelos com sua enorme mão, deixando-me corado mas feliz com seu reconhecimento. - Agora, me explique como funciona esse item, por favor.

- Com prazer. A Magnetic Battery segue o mesmo princípio da Cell Battery no sentido de absorver energia elétrica para aumentar a força do pokémon que a utiliza, contudo, por conta de sua estrutura, faz isso com mais eficiência. Primeiro que o pokémon não precisa necessariamente ser atingido por um movimento elétrico. Pokémons elétricos estão constantemente gerando energia, e boa parte dessa energia se dissipa naturalmente, sem ser aproveitada. Ao equipar esse item, contudo, toda aquela energia que o pokémon libera e que não é utilizada, bem como a energia excedente do uso de movimentos elétricos, vai ser absorvida e armazenada na bateria. Aqui eu usei como núcleo Cell Battery, já que era a proposta do pedido, mas eu considero que há outros tipos de armazenamento mais eficientes e que podem armazenar uma quantidade maior de energia, a depender do material.

"Enquanto o núcleo está envolto pelos polos positivo dos ímãs, ele irá constantemente absorver energia de seu entorno, e a repulsão positiva do magnetismo fará com que a energia fique presa ali dentro, além de amplificá-la. Ao ativar o dispositivo, sua estrutura se abre, revelando o núcleo e invertendo as faces dos ímãs, deixando-os assim com o polo negativo em contato com o interior. Dessa forma, o item para de absorver energia, mas toda a energia ali armazenada passa a ser liberada e pode ser acessada pelo pokémon que o esteja equipando, fortalecendo-o. O uso é recomendado apenas para pokémons do tipo elétrico ou, até mesmo, aço, por serem condutores e poderem se beneficiar da energia, até porque a ativação do item podem apresentar efeitos colaterais decorrentes da energização, como agitação, aceleração do metabolismo, ou pelos arrepiados, os quais são pouco perceptíveis em pokémons que sejam do tipo elétrico."

- Muito bom, criativo e ousado. De qualquer forma, quero que faça o seguinte: antes de enviar o relatório com as instruções para o magnada, quero que o registre em seu nome no acervo interno da Academia, como todos fazemos por aqui, por uma questão de propriedade intelectual. Depois disso pode enviar a quem quiser que ninguém poderá se apropriar.

Agradeci a preocupação de Garceov e segui suas instruções quanto ao procedimento de registro do relatório. Em seguida, anexei o relatório ao e-mail que iria enviar ao magnata e me preparei para redigí-lo.

Richard Griffiths escreveu:
Boa tarde. Me chamo Richard Griffiths, sou engenheiro e vi seu anúncio na Dexit solicitando a elaboração de um projeto para um item que beneficiasse pokémon do tipo elétrico, com base no Cell Battery.

No link abaixo, poderá acessar o projeto de minha elaboração, com todos os detalhes necessários para fabricação do item, bem como instruções de seu uso e possíveis efeitos colaterais, os quais são mínimos e imperceptíveis caso utilizado corretamente.

Projeto Magnetic Battery.pdf.

Importante salientar, como já dito no corpo do projeto, que ímãs maiores elevam a capacidade e velocidade da captação e liberação da energia, permitindo que o núcleo seja carregado mais rapidamente, mas também esgotando-o em maior velocidade. Outrossim, o uso de núcleos maiores ou de maior qualidade permite um armazenamento maior de energia, o que consequentemente exige um período maior para atingir sua capacidade máxima de armazenamento.

Como a proposta do pedido foi o uso de Cell Battery, este foi o elemenro utilizado para fabricação do núcleo. Contudo, é possível e extremamente recomendado o uso de outros elementos para o núcleo, com maior capacidade de armazenamento e maior duração, como alguns tipos de minerais magnéticos, conforme consta no relatório.

O ID para pagamento e vinculação do projeto é o mesmo dessa mensagem, #u7.

No aguardo do retorno. Atenciosamente.

Acionei o comando de "envio" e aguardei enquanto o sistema realizava a operação. Pronto, estava tudo feito, agora era apenas aguardar pelos resultados.

CLIFFORD

Sob o prisma do arco-íris

- Alô, aqui é Garceov. É você, Clifford? Ainda bem, tive medo de não conseguisse entrar em contato com você, depois de tanto tempo. A situação é a seguinte...

Era a noite do dia em que Garceov conhecera o garoto intitulado por Richard Griffiths. Não havia dúvidas de que ele era filho do antigo colega do professor, dada a semelhança. Alias, a semelhança era grande até demais, não havia como ser algo normal.

- Sim, Richard Griffiths é criação minha. Ele saiu de casa na madrugada de ontem, mas eu estou ciente de sua situação e acompanhando seus passos.

- Hum, sim, entendo... - Garceov não precisada que o antigo colega falasse mais do que aquilo para compreender o que era Richard, principalmente considerando-se que Clifford era um dos mais talentosos cientistas que o homem conhecera, bem como todos os feitos que lhe eram creditados. Sem falar, é claro, que parecia muito mais racional que aquele homem tivesse criado dois homúnculos como filhos do que simplesmente casado-se e constituído família - o que era algo que ele veementemente repudiava em sua juventude.

- Sei que não temos contato já há muitos anos, mas considerando que a situação acabou já envolvendo-o, gostaria de lhe pedir um favor. Por favor, cuide de Rick, por mim. Não posso tentar qualquer forma de contato ou interferência direta, pois se ele sequer souber que sei do seu paradeiro, temo que ele irá fugir de novo. Richard é extremamente orgulhoso, eu sei pois o criei desde a base de seu DNA.

"Muito semelhante à você, então..." pensou Garceov, mas guardou seu comentário para si.

"A verdade é que, além de ser meu filho, ele também é minha criação maior criação. Tenho grandes expectativas para seu futuro, mas, para que ele atinja seus objetivos, não posso interferir. Richard precisa conquistar seu futuro sozinho, ou ele nunca atingirá seu potencial máximo. Sei que pode ser demais eu estar pedindo isso, mas gostaria, por favor, que cuidasse de meu menino por mim.

Aquilo realmente não era algo que pudesse ser visto todos os dias. Clifford pedindo algo a alguém? E ainda por favor? Era verdade que quando ele iniciara na academia, Clifford já estava em seus últimos anos de graduação, então o tempo que trabalharam juntos como estudantes não passara de dois anos, mas fora o suficiente para conhecerem-se muito bem, e em todo aquele período jamais vira o cientista pedir qualquer coisa a ninguém, no máximo delegar ordens.

Realmente, aquela não era meramente uma preocupação com sua criação. Era uma genuína preocupação de pai. Garceov não sabia exatamente o que era aquele sentimento, afinal, tal qual seu colega, jamais casara-se ou tivera filhos - apesar de que por motivos um pouco diferentes. Contanto, sempre tivera vontade de ser pai, então teve empatia pelo colega.

- Sim, o que está me pedindo é, sim, demais. - respondeu o professor - Contudo, como você mesmo falou, eu já me envolvi com a situação, e o rapaz parece realmente muito promissor. Sendo assim, pode deixá-lo sob meus cuidados.

A conversa não estendeu-se muito mais do que isso. Clifford apenas dividira um pouco mais sobre seus experimentos, sobre a história de Rick e de seu irmão, Phillip, bem como as razões para este ter ficado enquanto o outro fora embora, apesar de sempre terem sido completamente inseparáveis. Por fim, deu-me um último aviso - Por favor, não esqueça: não deixe-o saber que entrou em contato comigo, ou ele poderá deixar de confiar em você.