[CL] A Cidade Prismática

A CIDADE PRISMÁTICA

Sob o prisma do arco-íris

- Tá bem, Mesh, eu já sei. Aqueles caras que encontramos quando estávamos passando por Ylium não eram de confiança, mas pelo menos chegamos aqui, não chegamos? - exclamava o garoto, sorrindo e abrindo os braços, de costas para a cidade na qual chegavam, como quem dando às boas vindas - Njorlune, o berço da ciência!

O pequeno Klink apenas girou suas engrenagens, revirando os olhos em resposta. Apesar do bom humor de seu treinador, a viagem não havia sido fácil. Primeiro porque tão logo afastaram-se de seu antigo lar, no meio da noite, foram pegos de surpresa por uma questão que nenhum deles previra: para onde iriam?

Rick jamais havia saído de Pardosa, e tudo o que conhecia de Neo Zenos havia sido lhe contado pelo pai. Não, seu criador. E, de todas as cidades, a que ele mais exaustivamente contara histórias havia sido, sem sombra de dúvidas, Njorlune, cuja academia Clifford havia estudado antes de mudar-se para Pardosa, levando consigo sua tecnologia inovadora de captação dos ventos e utilização da energia convertida para enriquecimento do solo.

O jovem de cabelos laranjas estava longe de querer seguir os passos de Clifford, mas convenceu-se de que Njorlune era, sem dúvidas, a melhor opção para ele. "Não seguirei pelos mesmos passos que ele. Pelo contrário, usarei de suas armas para mostrar que posso ir mais longe do que ele jamais sonhou!" e, assim, Rick e Mesh partiram pra Njorlune, na calada da noite.

Já era manhã quando finalmente chegaram à cidade. O brilho do sol fazia a cidade prismática refletir incontáveis acro-íris por todos os lados que a dupla pudesse olhar, encantando-os com seu esplendor.

- Então, Mesh, preparado? - e, sem esperar por uma resposta, o rapaz entrou pela cidade a passos firmes, seguido de perto por seu Pokémon.

A CIDADE PRISMÁTICA

Sob o prisma do arco-íris

A cidade refletia os raios da manhã por todos os lados, enchendo os olhos do garoto e do Pokémon com sua indescritível beleza. Ela possuía um conjunto harmônico em suas construções que deixou Richard admirado. Parecia que ela havia sido esculpida na própria montanha, tão bela que era.

Os cidadãos também pareciam diferentes daqueles que  a dupla encontrara até aqui. Vestiam todos roupas limpas - o que fazia muito sentido, visto que não era possível avistar qualquer sujeira pela cidade para onde quer que se olhasse - e andavam com uma postura impecável.

- Será que Phil gostaria daqui, Mesh? - questionou o garoto, com um sorriso meio triste. O Klink, em resposta, girou de forma igualmente triste duas engrenagens, e deu uma leve pancadinha na cabeça de seu treinador, como um consolo. - É, tem razão, é claro que ele ia gostar daqui, que bobeira minha, não é mesmo? Hahaha. Bem, seja como for, temos que encontrar um lugar para ficar e também descobrir como podemos fazer para estudar aqui.

A CIDADE PRISMÁTICA

Sob o prisma do arco-íris

Enquanto caminhavam à esmo pela cidade, Rick pesquisava, em sua Pokedex, informações sobre como se matricular na Academia de Njorlune. Ao que tudo indicava, em geral era necessário o pagamento de mensalidade, e o valor era muito superior à quantia que ele dispunha por tempo indeterminado. Fora isso, também havia a possibilidade de um ou outro estudante que se destacasse acabasse sendo agraciado por uma bolsa. Mas, em geral, parecia ser algo para alguém que já tinha um histórico. Não era o caso dele.

Enquanto garoto e pokémon cobravam em uma esquina, agora em busca de algum tipo de pousada em que pudessem ficar para decidir melhor o que fazer, foram abordados por um homem mais velho.

- Clifford, é você?! Mas como... - começou o homem, segurando o garoto pelo ombro e praticamente forçando-o a virar-se - Mas como isso é possível?! Você não mudou nada...

- Desculpe, mas acho que o senhor está me confundindo. Eu me chamo Richard. - respondeu o rapaz, pegando Mesh e puxando-o pra si, uma vez que o pokémon se colocara na frente do homem, prestes a confrontá-lo. Ao perceber, então, a expressão completamente confusa e aturdida do outro, resolveu completar - Clifford é meu pai. - dentou não demonstrar o desconforto que sentiu ao dizer isso.

- Nossa, mas você é igualzinho à ele! Poderia jurar até mesmo que eram a mesma pessoa. Hahaha! - o homem riu em sua voz grave - Esse Clifford, nunca mais deu notícias desde que partiu para Pardosa com sua tecnologia avançada. Quem diria que um deslocado louco por ciência como ele um dia constituiria família. Inclusive, deixe me apresentar. Eu me chamo Garceov, trabalho na Academia de Njorlune. Por acaso está aqui para se matricular e seguir os passos de seu pai na área das ciências? Porque se for, posso lhe apresentar alguns contatos...

Garceov:

- Não, não, eu lido é com engenharia. - disparou o garoto tão logo o homem insinuara que ele seguia os passos de Clifford. Notou então que seu tom poderia parecer rude - Mas sim, estou aqui para me matricular.

O homem pareceu animar-se com as palavras do rapaz, empertigando-se em toda sua altura e dando um sorriso cheio de si.

- Pois então está falando com a pessoa certa. Não quero me gabar, mas sou um dos melhores mestres de engenharia da academia, e ficaria extremamente feliz em encaminhar o filho de um velho colega.

Garceov passou, então, a fazer um tour com Rick e Mesh pela cidade, apresentando-os aos pontos mais importantes. Não pareceu engolir a desculpa do rapaz de que ele viajara apenas com ¢500 bits porque queria sentir a emoção de conquistar seu próprio espaço com seu próprio esforço, mas não questionou sobre isso, apenas soltando uma exclamação para si mesmo, "jovens...".

- Bem, se essa é toda a quantia que dispõe, então temos um problema aqui. - o homem parou sua caminhada e escorou-se na beirada de uma calçada sob uma escadaria, de onde tinha-se uma excelente vista para uma ampla praça lá embaixo, e indicou ao jovem que o acompanhasse - Se essa é toda a quantia que dispõe, ela não é suficiente para pagar nem mesmo a matrícula para usar os laboratórios e estabelecimentos da academia, que dirá estadia.

O homem conseguira resumir todos os temores de Rick, desde que ele realizara sua pesquisa sobre a academia algumas horas antes, em poucas sentenças. Então era ali que sua curta jornada acadêmica teria um fim? Não sabia mais o que poderia fazer ou para onde poderia ir. Desde sempre tudo o que fizera fora ajudar Clifford em suas pesquisas, lidando sempre com as máquinas e outras bugigangas, e não havia mais nada que ele soubesse fazer. Ele não podia acreditar que depois de tudo teria que voltar.

Aparentemente percebendo a expressão desolada do rapaz, Garceov colocou a mão em seu ombro como um conforto. - Para sua sorte, eu estou atualmente buscando por um aprendiz que possa trabalhar como meu ajudante. Você ainda é um treinador Rank D e sem reputação alguma, então o máximo que posso conseguir, caso aceite a vaga, é uma bolsa de estudos e estadia. Mas, se conseguir melhorar esse Rank, quem sabe eu posso também lhe conseguir alguns privilégios por aqui, como um salário de estagiário. Isso, é claro, se você aceitar a proposta.

O rosto do rapaz se iluminara com a nova esperança que lhe era apresentada logo à sua frente. Ele aceitaria a proposta, é claro que sim, sem sombra de dúvidas, e não havia palavras que pudessem demonstrar sua gratidão.

- Ótimo, ótimo! Fico feliz em ter o filho de um ex-colega como meu pupilo. Se tiver metade da genialidade de seu pai, aposto como logo logo poderá estar superando até a mim mesmo! - gargalhou Garceov, apertando com firmeza a mão de Rick e sacudindo-a. - Re qualquer forma, é bom que no seu tempo livre encontre alguma forma de ganhar algum dinheiro. Vai poder usar as instalações da academia e também o alojamento, mas apenas isso, e precisará de dinheiro para se alimentar. A academia costuma comprar projetos que pareçam promissores, e um ou outro que se destacam acabam sendo pagos com uma boa quantia. Mas depois podemos conversar melhor sobre isso. Vamos, vamos, vou mostrar-lhe onde irá ficar, e já aproveitamos para registrá-lo. Ah, mas antes... o que me diz de uma batalha? Quero ver do que você é capaz com um pokémon.

A CIDADE PRISMÁTICA

Sob o prisma do arco-íris

O rapaz acompanhou Garceov até os níveis inferiores da cidade-montanha, onde haviam amplas arenas de batalha, cujo pé direito cobriria facilmente três andares dos níveis acima, e que normalmente possuíam uma das faces abertas para o exterior, de forma que sempre corressem fortes ventos.

- Acho que nem precisávamos de tanto espaço, mas essas são as arenas de Njolnir, então é bom que já as conheça - explicou o mais velho, sua voz ecoando pelo enorme salão - Imagino que seu parceiro seja o Klink, certo? Bem, então antes de definir você como meu aprendiz, vamos ver do que são capazes. Vá! - retirou, então, uma pokeball de seu bolso, expandindo-a e jogando para o algo. O clarão vermelho liberado pela esfera terminou por revelar um diminuto pássaro azul de asas de algodão - Capturei esse Swablu hoje cedo, logo antes de encontrá-los, e quero testá-lo também. Então, à postos!

- Uma batalha Pokémon? Mas... Eu nunca batalhei de verdade antes, eu não sei o que devo fazer. argumentava o rapaz, Mesh já tomando a frente a arena, imitando seu adversário mas parecendo igualmente confuso.

- Bem, para tudo se tem uma primeira vez, e não há melhor aprendizado do que a prática. Vá, Swablu, comece com seu Disarming Voice!

O pokémon voador agitou suas asas, fazendo seu corpo balançar enquanto ele enchia-se de ar. Na sequência, liberou todo o ar, soltando um grito projetado para a frente que atingiu Mesh diretamente, empurrando-o alguns metros para trás e deixando-o sobressaltado, mas não parecendo ter causado grandes danos.

Ao ver Richard tão atônito e paralisado quanto seu pokémon, Garceov vociferou - Vamos lá, garoto, você deve ser melhor do que isso, ou vai dizer que não conhece nem mesmo os movimentos de seu Pokémon? Eu esperava que ao menos soubesse fazê-lo desviar, mas estou começando a ficar desapontado. Vamos, Swablu, continue com Disarming Voice!

Rick estava sentindo-se pressionado de uma forma que fazia-o lembrar-se... de seu pai. Clifford sempre tivera o costume de passar para o garoto tarefas que estavam acima de suas capacidades e cobrava-o de conseguir realizá-las, o que sempre despertou frustração no rapaz. Por outro lado, agora que ele pensava sobre isso, tinha de reconhecer a eficácia que esse método tinha: em sua frustração, ele sempre conseguira descobrir um jeito próprio de realizar a tarefa proposta.

- Mesh, rápido, cancele com seu Metal Sound!

Suwablu disparava diversos Disarming Voice em direção ao Kling, sempre voando para cá e para lá para alvejá-lo por diversas direções. Antes que fosse atingido, contudo, o pokémon girou suas próprias engrenagens duas vezes num sentido e uma no outro, reencaixando-se e, na sequência, liberou uma onda de som que expandiu-se em sua volta, interceptando os ataques do voador e atordoando-o por breves instantes, o suficiente para mais um comando do garoto: - Aproveite e acerte-o com seu Gear Grind!

Aproveitando-se da abertura do adversário, Mesh avançou contra ele, prendendo-o entre suas engrenagens e girando-as com força, fazendo com que o pokémon o atravessasse para cá e para lá.

- Nada mal, garoto. Até que você não é de todo ruim. Mas não pense que já pode ficar convencido. Swablu, aproveite a proximidade e acerte-o com uma sequência de Fury Attack.

O pequeno Pokémon azul avançou ferozmente contra o Klink, começando a lhe desferir diversas bicadas que, individualmente, não lhe causavam muito dano, mas na sequência em que eram desferidas acabavam tornando a situação um tanto quanto preocupante.

- Rápido, livre-se disso com seu Vice Grip.

- Swablu, não se deixe intimidar. Esquive para o lado e mantenha a sequencia de Fury Attack.

O Pokémon do tipo aço tentou desvencilhar-se o feroz ataque de seu adversário, separando seu corpo e tentando prensá-lo, mas o voador acabou sendo mais rápido: esquivou-se bem a tempo e deu sequência a seu ataque.

- Então, como sairá dessa? Decida logo, seu tempo está acabando. Hahaha

Pois Rick tentava insanamente pensar em uma forma de livrar-se do avanço daquele pokémon, mas ele era mais ágil do que Mesh, então nenhum dos ataques diretos que ele pudesse tentar teria um resultado diferente. A não ser que...

- Mesh, rápido, gire e use seu Autotomize!

O rápido giro do pokémon metálico foi o suficiente para fazer sessar a investida do Swablu, que afastou-se para evitar ser novamente pego no giro das engrenagens.

- Bem pensado, rapaz, mas isso não será suficiente. Swablu, acabe com isso com seu Disarming Voice!

- Rápido, Mesh, não permita que ele te atinja! Separe-se pra desviar e acerte-o com seu Gear Grind!

Mais uma vez, Swablu encheu-se de ar e disparou com uma pontaria certeira na direção do Klefki. Contudo, o pokémon metálico atendeu às ordens de seu treinador bem à tempo: dividiu-se em dois, separando suas engrenagens de forma que o movimento do adversário simplesmente passasse pelo meio, no exato ponto onde ele estava completo um segundo atrás. Em rápida sequência, o pokémon avançou contra o voador, suas engrenagens girando para atingi-lo com cada uma por ambos os lados.

Exausto e sem condições se continuar a batalha, Swablu caiu em seu voo, sendo chamado de volta para sua pokéball instantes antes de atingir o solo.

- Muito bem feito, Rick. Você é capaz, quando se esforça. Ainda tem muito a aprender, mas com esse nível acredito que seja capaz de virar-se sozinho em alguma expedição ou pesquisa de campo que eu precise enviá-lo.

- Então, isso quer dizer que...? - os olhos do garoto, que há instantes dava pulos de alegria elogiando seu pokémon, arregalaram-se de felicidade.

- Sim, a vaga de meu assistente é sua, bem como a bolsa na academia. Parabéns.

A CIDADE PRISMÁTICA

Sob o prisma do arco-íris

Assim que terminamos a batalha, recolhi Mesh para sua pokéball, para que descansasse, e seguiria junto de Garceov para proceder minha matrícula, mas antes que saíssemos da arena...

- Ah, sim, já ia me esquecendo. Com que frequência tem atualizado sua Dexit? - parou, então, ao lado de um tipo de terminal que havia por ali, e começou a dar diversos toques na dela.

- Ham? Eu... - tentei lembrar-me se havia ou não postado uma foto quando chegamos em Njorlune, mas então lembrei que acabei pensando em Phil e esqueci-me da foto e da postagem, e bem... Clifford havia nos dado aparelhos, tanto para mim quanto para Phil, mas nunca tivemos o costume de postar muito.

- É, foi o que pensei. Bem, venha cá, então. Vê esse terminal? Cada arena possui um, e eles são ligados à câmeras espalhadas pela arena. As batalhas costumam ser realizadas aqui por causa disso. Esse sistema permite que logo que a batalha termine, os treinadores possam capturar aqui algumas cenas da batalha e postar, informando os IDs dos competidores. Aqui, aproxime sua Pokédex, ele consegue reconhecer o ID dessa forma, também. Pronto.

Enquanto seguíamos para a academia, Garceov explicou-me da importância de manter minha Dexit sempre atualizada e com movimento. Ele disse que isso, com o tempo, ajudaria a subir no rank como treinador, o que me traria mais reconhecimento e muitas facilidades, e logo mais eu perceberia o quanto isso era fático.

- Mas Garceov, quantas vezes eu vou ter que repetir: não damos bolsa integral em nossa academia pra meros treinadores Rank D, não me importa de quem ele seja filho, tampouco se tem um professor querendo favorecê-lo. Se quer que ele seja seu aprendiz, muito que bem. Mas para estudar e usar as dependências da academia, deverá pagar, assim como todos os outros. O máximo que posso conseguir par você, garoto, é um desconto em sua mensalidade para ¢800 Bitcoins, tendo em vista o histórico de seu pai, mas é isso. - o secretário me deu um profundo olhar avaliador por detrás de seus óculos, e então tornou a mexer em seus papéis.

Garceov até tentou interceder e argumentar novamente, mas a palavra do homem foi a final. Ele não iria ceder em uma vírgula do que disse. Ao menos eu conseguira a vaga como estagiário de Garceov, o que, disse ele, iria me ajudar a conseguir dinheiro para a matrícula. Até lá, me restava novamente a tarefa de encontrar um local para dormir.

Ele explicou que tinha algumas coisas para resolver e que não poderia me acompanhar, mas, dada minha situação financeira, me indicou um local com os quartos mais baratos que ele conhecia por Njorlune, ainda que não fossem, nem de longe, muito recomendados.

-Mero treinador Rank D, eles não perdem por esperar... - murmurei, enquanto seguia pela cidade em busca do endereço que Garceov havia me indicado. - Nossa, o quão longe fica esse lugar?

Longe o suficiente para parecer quase uma outra cidade, ao menos. Ali, a luz que iluminava toda a montanha, fazendo-a refletir todas aquelas belas cores, chegava de forma indireta, tornando tudo meio cinzento e monótono. Havia um fluxo menor de pessoas também, e todas caminhavam com a cabeça meio baixa, em uma postura totalmente diferente da que eu vira na parte mais central de Njorlune.

Fosse como fosse, após seguir por uma rua aqui e dobrar uma esquina ou outra ali, finalmente encontrei o prédio do endereço que Garceov me passara. Era grande, mas nada muito impressionante. O quarto que eu consegui era algo realmente minúsculo, sem janelas, com uma cama de solteiro embutida à direita e uma mesa embutida com um banco à esquerda. Ao fundo, duas lixeiras e uma porta para um banheiro onde parecia que alguém morrera não recentemente. Isso sem falar na sujeira por todo o lugar, bem como lixo espalhado pelo chão. Mas também, por apenas ¢40 Bitcoins eu não poderia querer muito, e nada do que a tarde em limpeza não resolvesse - ok, talvez os problemas no encanamento poderiam ser um pouco mais complicados.

Spoiler:

Após uma tarde inteira de limpeza, na qual Mesh preferiu supervisionar meu trabalho e apontar onde eu deveria fazer, ao invés de verdadeiramente ajudar, o quarto estava mais habitável e estava tarde e eu cansado o suficiente, decidi que era hora de dormir, afinal meu estágio começava na manhã seguinte.

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resultado de dado de evento:

Após um café da manhã tão ruim quanto o jantar, segui de volta para a academia, onde encontraria Garceov para iniciar meu estágio. Como combinado, nos encontramos logo na recepção, e então ele me levou para sua sala de professor - que era, basicamente, sua oficina.

- Bem, aqui é onde eu passo a maior parte do meu tempo, quando não estou dando alguma aula ou em alguma pesquisa de campo. Enfim, está bagunçado assim pois realizamos exames recentemente e eu passei a tarde toda, e boa parte da noite, corrigindo provas, e antes de sair acabei deixando a janela aberta, o que fez com que o vento entrasse e espalhasse as provas para todos os lados.

Olhei em volta. Realmente, o estado em que o local se encontrava fazia parecer que um furação passara por ali. Fora isso, ele na verdade já não parecia que era o exemplo de organização. Haviam diversas engenhocas dos mais variados tipos e tamanhos por todos os lugares, algumas inclusive simplesmente no meio do caminho. Na grande escrivaninha, em uma parede próxima à um janelão enorme, haviam vários papéis que claramente não eram provas corrigidas, dado seu tamanho, espalhados por todo o lado, rivalizando em espaço com copos restos de louça descartável de refeições anteriores.

- Realmente, o vento fez uma bagunça aqui... - comentei, quando percebi que Garceov me observava curioso enquanto eu analisava a sala.

- E sua primeira tarefa vai ser justamente dar um jeito nisso. Tenho um compromisso agora pela manhã. Um dos nossos calouros tem se sobressaído em todas as suas provas, mas parece que isso lhe subiu a cabeça e tem faltado com o respeito com os demais alunos, provavelmente verá o nome dele com a melhor nota dentre as minhas provas, também. De qualquer forma, preciso fazer isso agora pela manhã, e à tarde eu preciso devolver as provas que estão corrigidas, e não tenho como fazer isso com elas nesse estado, então preciso que organize elas para mim.

- Entendido, mas de que forma o senhor vai querer que eu... e lá se foi. - antes que eu terminasse minha frase, pude perceber que ele já havia saído rapidamente da sala, apenas me deixando com um "boa sorte". - Bem, então vamos com a mão na massa de novo, como se ontem ainda não tivesse sido o suficiente.

E, realmente, parecia que não havia sido. Não sei dizer que raios de ventania havia entrado por aquela janela, pois quando comecei a tarefa é que realmente me dei conta do quão espalhadas as folhas de teste haviam sido. Algumas voaram por debaixo de mesas de engenhocas e armários enormes, outras por cima desses mesmos armários, e se não fosse Mesh eu jamais sequer as teria descoberto.

Enquanto eu recolha as folhas, meu Pokémon ajudou buscando onde poderiam haver outras escondidas, pois realmente eram muitas. Foi só quando eu finalmente terminara de reunir todas foi que eu pude entender o motivo de haver tanto papel: não é que houvessem muitas provas, mas sim que, cada uma velas, era composta por cinco folhas, todas agora soltas e desordenadas em cima da escrivaninha.

- Ah não, não mesmo... só pode ser brincadeira!

Mas não era brincadeira. E lá fui eu, separar novamente aquela enorme pilha de papel e tentar encontrar alguma ordem naquele caos todo.

Primeiro fiz o mais importante: separei o que me pareceu ser a primeira folha de cada teste. - Porque raios alguém ainda faz testes em papel hoje em dia?! - Segui, então, para tentar entender a estrutura das provas, para conseguir definir quais eram as folhas seguintes e qual sua ordem, e então fazer cinco pilhas iguais, cada uma com uma parte da prova. Isso, por si só, já deu um trabalho tremendo, mas o pior ainda estava por vir: agora eu tinha que pegar uma primeira folha do teste e, a partir dela, procurar sua continuação em cada uma das pilhas. Detalhe: a única identificação que eu tinha era uma rubrica no canto da prova, identificando o aluno.

Nem preciso dizer que levei o resto da manhã inteira apenas para conseguir identificar e reunir, na ordem certa, as provas de cada um dos alunos. Quando Garceov finalmente voltou, já perto do horário do almoço, eu estava mentalmente exausto atirado na cadeira e olhando para uma impecável pilha de provas, organizada por nota, de modo que logo a primeira folha era a de um teste gabarito, provavelmente do calouro problemático.

A CIDADE PRISMÁTICA

Sob o prisma do arco-íris

Meu esforço, ao que parecia, não merecia sequer um único elogio ou agradecimento. Tudo o que recebi de Garceov foi um rápido "Ah, sim, que bom que terminou. Aqui está seu pagamento. Vou ficar o resto da tarde ocupado com isso, então sinta-se livre pra explorar a cidade caso queira". Começava a ter minhas suspeitas de porque ele parecia ter se dado tão bem com Clifford na época que foram colegas...

De qualquer forma, isso ainda era melhor do que ter ficado trancado sem fazer nada lá naquela oficina - apesar de que eu bem que gostaria de ter tido tempo de examinar aqueles rascunhos sobre a mesa dele. Ah, que seja, outro dia eu aproveitaria pra fazer isso.

O dia estava bem agradável em Njorlune. O sol brilhava de uma forma gostosa lá no alto, aquecendo, enquanto que os constantes ventos que fustigavam as montanhas impediam que o calor se acumulasse, mantendo assim a temperatura sempre agradável.  

- Venha, Mesh, apareça. Vamos aproveitar para tirar algumas fotos. - retirei meu Pokémon de sua pokéball, aproveitando o momento para seguir o conselho de Graceov. Se aumentar meu Rank de treinador facilitaria as coisas, então era isso que eu faria.

- Bem, vamos ver o que mais que podemos encontrar pela cidade.