[CL] #01 Nuances do Mar

RESULTADO DO DADO DE EVENTO escreveu:
EVENTO: Wild Pokémon
POKÉMON SELVAGEM: 84 (Incomum)
NÍVEL DE ESTRELA:

POKÉMON ESCOLHIDO: Chewtle

— Fora daqui! Praga dos infernos! Olha o que você fez! Gritava alguém descontrolado pouco mais em frente. Tratava-se do dono de uma das lojas de frutas da cidade.

Continuei caminhando e não pude deixar de notar a quem ele dirigia sua ira por meio de xingamentos e palavrões: um pequeno Chewtle. Não precisava de muito para entender o que havia acontecido, pois o pokémon encontrava-se em cima de uma mesa repleta de berries que para ele foram um banquete. Muitas das frutas estavam mordidas, de outras haviam sobrado apenas as sementes e embora fosse engraçada a imagem do aquático perdido e farto em meio a tanto alimento, o prejuízo que o dono da mercearia tomara transformava a cena em algo nada favorável à criaturinha.

Em protesto, o pokémon bradava demonstrando-se agressivo e pronto para morder o homem diante do menor descuido. Sua reação era completamente compreensível por estar numa posição onde se sentia ameaçado e acuado mediante o furioso humano com 1,70m de altura. Temendo que um dos lados saísse ferido dessa fatídica situação, resolvi intervir com intuito de zelar principalmente pela saúde do Chewtle. Além do mais, acabei vendo ali uma ótima oportunidade de por em prática meus conhecimentos a respeito das espécies aquáticas e quem sabe, ganhar um pouco mais de reconhecimento no Dexit.

— Boa tarde, Sr. Donavan! Fique tranquilo, eu lido com isso pra você. Comuniquei enquanto me aproximava, notando o semblante de curiosidade no rosto do homem.

Era certo que ficou surpreso ao ver que eu sabia seu nome, visto nunca termos interagido além das vezes em que comprei itens dele. Por sua feição, ainda estava irritado e embora também não tivesse gostado muito da minha aproximação, tinha conhecimento do meu ofício, dando espaço então para que eu agisse.

Tomei em mãos a Pokédex para fazer fotografias de momentos chave da situação, as quais seriam publicadas posteriormente com legendas explicativas em um espaço do meu perfil dedicado à observação, tratamento e demais práticas a respeito dos pokémons marinhos. Deste momento em diante, qualquer análise minha serviria como material para a publicação.

Chewtle's fazem parte daquele típico grupo de criaturas pequenas, mas que detestam ser subestimadas ou vistas com inferioridade. Em minha posição, era dever meu zelar por sua integridade física, mas também pela psicológica, então tracei em mente um meio específico de lidar com a situação sem ferir o orgulho do mesmo.

— Chewtle, o que acha de uma batalha? Se vencer, pode finalizar todas as frutas da mesa por minha conta. Propus, chamando a atenção dele para mim. Mas teremos uma condição devido a sua força: irei tentar capturá-lo após cinco minutos, pois não quero que minha Dewgong se machuque muito.

Para ele, derrotar um adversário maior seria uma grande oportunidade de demonstrar sua força. Era uma oferta irrecusável e eu sabia disso. Liberei Stellmaria de sua esfera metálica e precisou apenas de uma olhada na mesma para que o pequeno saltasse da mesa e ficasse em guarda, conforme imaginado.

O ponto principal ali era permitir que o aquático realizasse seus ataques a fim de que não se sentisse impotente, mas que ainda assim eles causassem pouco dano em minha companheira. Dado os cinco minutos, ele estaria cansado e perceberia que não conseguiria ganhar, mesmo não externalizando essa sensação. Nesse momento então eu entraria com a tentativa de captura visando finalizar o duelo de modo que ele não o perdesse de fato. Tinha certeza que dessa forma conseguiria ganhar a confiança dele.

Quando demonstrei estar pronto, ele não esperou nem mais um segundo. Avançou rapidamente mirando uma das patas dianteiras de sua oponente e cravou um Jaw Lock nela. Justamente o que eu precisava, que ele se mantivesse fixo em um único ponto sem causar maiores transtornos. Sabia que uma vez tendo utilizado aquele método de ataque, ele somente descravaria seus dentes sob intervenção divina... ou de uma pokéball.

Stellmaria desabafou a dor por meio de um urro, lançando um olhar de quem me culpava por aquilo. Sabia que ela não aguentaria aquelas insistentes mordidas do Chewtle calada, então dei espaço e o comando para que esbravejasse o quanto quisesse.

— Use o Growl! Vai fazer você se sentir melhor.

E a primeira parte do plano iniciava-se. O aquático permaneceria forçando suas presas na nadadeira da Dewgong, porém cada um de seus ataques teria menos força devido aos brados que ela emitia. O que estranhei estudando a cena é que as mordidas do Chewtle pareciam ser um pouco mais fortes do que havia calculado mentalmente. Talvez fosse de fato um promissor dentre os comuns de sua espécie. Mas isso era apenas um detalhe dentro do cenário mentalizado. Após o uso contínuo do Growl, suas presas já não causavam mais tanto impacto em Stellmaria, e era o momento de fazê-la recuperar-se dos danos sofridos até então.

— Descanse com o Rest. Pedi, em tom calmo.

Com um bocejo, ignorando completamente o fato de estar sendo atacada, ela entrou em sono profundo, recuperando suas energias. Foi logo depois disso que notei a mudança na intenção de ataque do aquático; ele percebera que não conseguiria vencer uma vez que sua oponente permanecia dormindo mesmo sendo atingida por sua melhor arma.

Esperei apenas mais alguns instantes até alcançarmos o prazo estabelecido de cinco minutos para então sacar uma de minhas esferas metálicas, mirando-a na protuberante cabeça do Chewtle. Se ele acabasse por não ter força o suficiente para escapar, tudo teria ocorrido como o planejado.

Sucesso. Com o Chewtle agora sob minha tutela, seria muito mais fácil confirmar teorias a respeito de sua espécie e estudá-lo de melhor forma. Segurei a pokéball na qual ele se encontrava contido, notando um breve sorriso se formar no canto dos meus lábios. Era essa a tão famosa sensação de uma captura pokémon?

— Muito bom, parabéns. Mas devo agora tratar diretamente com você quanto ao meu prejuízo?! O humor do homem não havia melhorado em nada nos últimos minutos.

Qualquer humano com decência teria na verdade ficado grato pela minha intervenção, afinal provavelmente ele teria perdido um dedo se continuasse ameaçando o aquático daquela forma, mas como o capitalismo reina absoluto em Neo Zenos, era compreensível que o dono de um pequeno negócio precisasse descontar sua frustração financeira em qualquer um que conseguisse culpar. Contudo, isso não significava que eu devesse assumir o papel de réu nesse julgamento.

— Sejamos sensatos aqui, Sr. Donavan. Não tive envolvimento com o que aconteceu, então não acho que deva arcar com custos que não gerei. No que pude ajudar livrando-o do Chewtle, ajudei. Posicionei-me com a voz calma e com expressão leve no rosto, porém indicando estar seguro do que dizia. — Garanto que ele não tornará a comer sua mercadoria.

O melhor meio de lidar com pessoas assim é não descer ao nível em que se encontram. É impressionante a forma como ficam aturdidos, sem reação por alguns segundos, quando esperam que você faça um alarde e recebem um retorno totalmente oposto a isso.

Nesse meio tempo, Stellmaria acordou de seu descanso revitalizador. Olhou para um lado, para o outro, confusa quanto ao sumiço do Chewtle. Teria sido um sonho? Não perdeu muito tempo pensando nisso. Quando sentiu o clima tenso entre mim e o dono da mercearia, passou a encará-lo com sua melhor expressão de desconfiança. Ele notou.

— Acho que vou indo. Quando Stellmaria acorda, ela fica tão faminta que é capaz de comer a primeira coisa que ver em sua frente. Segredei.

Percebi suas pálpebras vacilando por um breve segundo e soube que isso seria o suficiente para encerrarmos o assunto por ali. Recolhi a Dewgong de volta à sua pokéball, seguindo meu caminho. Talvez visitasse a praça da cidade em seguida.

RESULTADO DO DADO DE EVENTO escreveu:
EVENTO: Trainer/NPC

Um belo lugar para fazer uma pausa, descansar e respirar é a praça da cidade. O grande chafariz central possui ramificações que se prolongam por todo o perímetro da área num design muito interessante e moderno. Há alguns selvagens que gostam de passar um tempo por aqui, banhando-se e realizando outras atividades que a estrutura do local permite. É comum que crianças acompanhadas pelos responsáveis também estejam presentes, brincando entre si enquanto os pais conversam, se encontram com amigos e dão aquela freada na rotina para comerem algo e colocarem as conversas em dia.

Sentei-me em um dos bancos, frente a uma das ramificações do chafariz que terminava de maneira circular, acumulando água o suficiente para que até mesmo um humano entrasse ali. Liberei Stellmaria e o Chewtle para que assim como eu e os demais, também relaxassem. A Dewgong limitou-se a dar apenas uma volta, nadando graciosamente por meio de rotações em torno de si mesma, para depois alojar-se num canto e banhar-se. Já o Chewtle, que percebi não ser muito propenso a brincadeiras e gracejos, resolveu testar a resistência da cerâmica aplicando algumas mordidas nela.

— Chewtle. Chamei. Ele voltou seus pequenos olhos para mim, porém com a mandíbula ainda pressionando aquele ponto da construção. Era uma cena engraçada, mas eu contive o riso. — Posso chamá-lo de Vhagar? É o nome de uma poderosa fera que li em uma história certa vez.

Ele descravou seus dentes daquela quina, desinteressando-se, e mostrou estar de acordo por meio de um brado. Disparou então um Water Gun para cima como forma de demonstrar seu poder. Outra cena engraçada. Seria bom ter o pequeno por perto.

— Tio Lucian!

Girei minha cabeça, buscando pelo dono daquela aguda e inocente voz, vendo por fim meu sobrinho correndo em passos desconjuntados em minha direção. Meu coração palpitou de modo pouco mais forte pela adorável surpresa e assim como sempre que nos encontrávamos, reafirmei o quanto amava aquele garoto. Levantei-me do banco e me apoiei em um joelho a fim de que ficasse compatível à sua altura, recebendo-o com um caloroso abraço. Quanto tempo fazia que o vi pela última vez? Ele parecia estar maior.

— Como você está grande! Exclamei, segurando-o pelos ombros para vê-lo melhor.

Sua mãe vinha logo atrás, com um semblante que oscilava entre o incômodo, a surpresa e a apreensão. Segurava duas xícaras de café nas mãos, as quais eu sabia que eram ambas para ela, pois nunca ficou satisfeita com apenas uma.




Notar isso me fez lembrar o quanto a conhecia, bem como da nossa infância e das diversas brincadeiras que inventávamos juntos. Boa parte dessa fase da nossa vida podíamos contar apenas um com o outro para nos entretermos, pois nossos pais viviam ocupados com trabalho. Senti um pouco de saudades.

— Sim! Eu tenho cinco anos. Me explicou o pequeno, orgulhoso de sua idade, tirando-me do meu devaneio. Depois acabou tendo sua atenção chamada por Stellmaria. — Stell!

Por sorte ele a viu antes de pedir para colocar a mão nos meus chifres; sua mãe o levaria embora naquele mesmo momento. Deixei que ele fosse brincar um pouco com a Dewgong que também tinha grande apreço por ele, e sentei-me novamente no banco enquanto minha irmã se aproximava para juntar-se à mim, entregando-me uma das xícaras por educação. O cheiro do café era revigorante.

— O Yian realmente cresceu. Comentei querendo quebrar o gelo. Infelizmente ela não sabia direito como se portar comigo após tudo, então eu tinha de ajudá-la e tomar cuidado com o assunto abordado. Conversar com ela era bom, mas precisava ter cautela como se estivesse pisando em ovos.

— Sim... Está cada dia mais saudável. Fez uma pausa, bebericando um gole de café por um instante, este que durou mais do que o normal, como se ela pensasse no que falar em seguida. — Vai bem na escola também, é um dos melhores da turma.

— É bom ouvir isso. Lamento apenas não poder o ver mais vezes. Desabafei, mas soube de átimo que foi um erro pela sua feição. Era o strike número um, e ela só precisaria do segundo para ficar completamente desconfortável e ir embora. — E como você está? Tudo certo na empresa? Busquei então trocar de pauta.

Ela pensou por alguns segundos, e eu soube que no fundo, no íntimo de seu coração, sua vontade era chorar e livrar-se do peso que carregava no peito por ter seguido o legado de nosso pai nos negócios. Ela nunca foi feliz com aquilo, embora não admitisse. Sua grande paixão sempre fora a arte, principalmente as pinturas que produzia tão bem quando menor, mas tudo foi deixado de lado para seguir os desejos de nosso progenitor.

— Está tudo bem. Papai irá fechar negócio com um cliente importante hoje, isso irá garantir um lucro que ele tem mirado nos últimos meses.

— Isso é bom. Tomei um pouco do café. O sabor e temperatura aqueciam meu corpo em meio aquela conversa gélida.

Senti vontade de abraçá-la, mas isso estava fora de cogitação. Sabia que ela ainda amava seu irmão, mas não conseguia amar o que ele havia se tornado. Ficamos em silêncio por um momento que durou mais segundos do que pude contar, até o pequeno Yian vir correndo até nós com um sorriso largo no rosto. O menino era uma graça.

— Tio Lucian! Posso colocar a mão no seu chifre? Strike dois.

— Nós precisamos ir. Ele tem dever de casa pra fazer e eu preciso mandar alguns e-mails. Comunicou, já levantando-se e pegando a mão do filho.

— Lianna...

Mas não adiantaria argumentar. Despediu-se com um "até logo" rapidamente, quase que arrastando o pequeno Yian atrás de si. Ele, por vez me acenava com a mão, os olhos marejados pela interrupção daquele momento tão raro e especial. Não pude deixar de sentir um pesar em meu peito. Stellmaria emitiu um som melancólico, também triste com a partida deles.

Retirei minha Pokédex do bolso e entrei em meu perfil, começando a incluir as fotos da captura do Vhagar com as legendas detalhando a situação e minhas análises. O melhor meio de afastar os sentimentos não bem-vindos era mantendo a mente ocupada. Meus dedos trabalhavam rápidos na digitação, e só pararam quando precisaram limpar uma lágrima que caiu sobre a tela.

YIAN MAGNAIR:

QUEST ACEITA escreveu:
A infestação (Média)
Recompensa: 100 Bitcoins.
Premissa: Lançar Dado de Evento (Pokémon Selvagem Comum)
Descrição: Os moradores de Seaquanis que residiam próximos aos "olhos d'água" estavam reclamando sobre o anormal surgimento de Binacle em quantidades muito acima do comum pelas zonas mais úmidas. Uma oportunidade perfeita para um cientista marinho pesquisar o que poderia estar levando tantos Pokémon dessa espécie a surgirem pelo local (fosse reprodução exacerbada ou migração) e encontrar uma solução para o problema, que estava começando a atrapalhar o cotidiano de várias famílias.

Resultado Dado de Evento: Pokémon Selvagem/Comum

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Havia terminado. As melhores fotografias da captura do Chewtle foram selecionadas e publicadas em meu perfil com as devidas análises visando que os demais conseguissem entender um pouco mais sobre a espécie, bem como minhas táticas sendo um biólogo em uma situação como aquela. Ficara orgulhoso do meu trabalho, com aquela gratificante sensação de dever cumprido.

Quando despreguei os olhos do visor da Pokédex, notei que Vhagar havia adormecido sobre a borda daquele espaço onde se encontravam. Mesmo em seu sono, o cenho continuava parcialmente franzido, mostrando que não perdia sua compostura mesmo naquele momento de descanso. Stellmaria agora estava mais movimentada. Do outro lado da área circular, fazia gracejos e demonstrava todo seu esplendor por meio de rotações que destacavam suas belas nadadeiras. O motivo de estar agindo assim repentinamente? Certamente as duas crianças impressionadas que pararam para observá-la mais de perto, com aquela inocência que somente os menores possuem.

— Eu não aguento mais, Vânia! Aqueles monstrengos estão tirando a paz de todo mundo por ali. Nunca sei se vou ser atacada ou não quando preciso passar perto deles. Eu me tremo toda só de ver um!

Não pude deixar de ouvir a conversa de uma senhora atrás de mim, que falava em tom consideravelmente alto. Girei minha cabeça sutilmente, apenas o suficiente para ver de quem se tratava. Não a conhecia, assim como também nunca vira a outra mulher em sua companhia. Pareciam ser duas donas de casa, mulheres simples, ambas com pouco mais de cinquenta anos pelo o que julguei em suas aparências.

— Não consigo entender porque esses Binacle estão aparecendo aos montes agora, isso nunca aconteceu mulher. Comentou a outra. — O Adalberto, meu primo de segundo grau, disse que está por um fio de descer vassourada neles tudo pra espantar!

Fiquei bastante intrigado com a situação. Não conhecia os Binacle a fundo, mas se as informações comentadas por elas eram de fato verdadeiras, o que estaria causando essa incômoda aparição deles? Resolvi ocupar-me com esse mistério.

Depositei minha xícara sobre o drone ambulante que passava recolhendo talheres, copos e afins daqueles que haviam terminado suas refeições, e retornei Stellmaria e Vhagar às suas esferas. Caminhei até as mulheres, tentando transpassar um ar de quem não tinha más intenções na aproximação, munido de um sorriso leve no rosto.

— Boa tarde, senhoras. Cumprimentei-as. — Peço desculpas pela intromissão, mas não pude deixar de ouvir sobre a situação com os Binacle...

— O que que tem? Simpática, me interrompeu. Tudo bem, talvez fosse apenas receio devido a ser abordada por um estranho na praça. Poderia ser uma cena mal interpretada por qualquer um.

— Podem me dizer, por gentileza, onde isso está acontecendo? Sou biólogo marinho, e acho que talvez possa ajudar.

— Sério, moço?! Nossa, ia ser a salvação pra gente! Vânia era um pouco mais agradável e não me encarava com olhar de desconfiança e testa enrugada, como a outra ainda fazia questão de fazer. — Eles estão quase tudo ali próximo aos Olhos da Água. Umas duas ou três quadras mais ou menos, perto da entrada na área residencial.

Olhos D'água é a nomenclatura dada a um local bastante peculiar e interessante em Seaquanis. Tratava-se de um ambiente, criado por uma empresa especializada em óptica avançada, onde pagava-se para ver o fundo do mar sem necessariamente estar próximo à ele. Toda a tecnologia do lugar era aplicada de forma a transmitir nos gigantes televisores imagens captadas do lado de fora do domo da cidade, tudo em tempo real e com realidade impressionante. Quem o visita jura estar cara a cara com as criaturas marinhas, tamanha a perfeição e modernidade das projeções. É bastante frequentado por quem busca fotos, lazer ou mesmo apenas apreciar o que Seaquanis pode oferecer de melhor, a vista do mundo submerso, podendo abandonar aquele velho receio de que tudo quebre e você vire alimento de peixe.


— Muito obrigado pela informação, senhoras! Vou indo até lá para averiguar a situação, tenham uma ótima tarde. Despedi-me em tom cordial. Felizmente, ser educado era algo que fazia parte da minha essência.

Estava bastante empolgado com aquele caso. Seria uma ótima forma de colocar em prova meus conhecimentos, conhecer um pouco melhor aquela espécie de pokémon e quem sabe, ser reconhecido pelos residentes caso conseguisse solucionar o problema.

QUEST ACEITA escreveu:
A infestação (Média)
Recompensa: 100 Bitcoins.
Premissa: Lançar Dado de Evento (Pokémon Selvagem Comum)
Descrição: Os moradores de Seaquanis que residiam próximos aos "olhos d'água" estavam reclamando sobre o anormal surgimento de Binacle em quantidades muito acima do comum pelas zonas mais úmidas. Uma oportunidade perfeita para um cientista marinho pesquisar o que poderia estar levando tantos Pokémon dessa espécie a surgirem pelo local (fosse reprodução exacerbada ou migração) e encontrar uma solução para o problema, que estava começando a atrapalhar o cotidiano de várias famílias.

Resultado Dado de Evento: Pokémon Selvagem/Comum

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Era formidável o modo como a tecnologia nos auxiliava nas mais diversas tarefas do cotidiano. Quando criança, escutava histórias de meus pais e avós a respeito de uma época onde tudo o que tínhamos à disposição hoje não passavam de ideias e delírios no passado. A Pokédex de sua época, por exemplo, não tinha nem metade das funções que a atual dispunha, sendo atualizada agora com aplicativos para os mais diversos fins a cada nova semana. Foi com um destes, inclusive, que consegui encontrar aonde os Binacle estavam concentrados em maior número.

Bastou evidenciar a espécie de preferência no aparelho para que o visor apresentasse um radar azulado, detectando presenças específicas com aquelas características num raio de 500m². Segui caminhando conforme os sinais dispostos em pequenas representações do pokémon iam surgindo, cada vez mais próximo e ansioso em encontrar o ponto onde se concentravam.



Quando passei pelo Olhos D'água, o foco deles foi disposto na tela como perto o suficiente para que agora eu fosse mais cauteloso. Decidi liberar Vhagar de sua pokéball para me acompanhar, somente me precavendo em caso de precisar me proteger de uma possível investida. Não sabia das condições em que se encontravam, muito menos a razão pela qual aglomeravam-se naquele local específico, então todo o cuidado e calma eram necessários a fim de evitar imprevistos como ataques ou pânico por parte dos selvagens.

— Fique calminho e próximo de mim, tudo bem?!

Já mais próximo, pude notar o quanto sua presença realmente atrapalhava no fluxo do lugar. Os moradores que pretendiam entrar no condomínio residencial precisavam desviar dos pokémons, bem como os veículos que faziam manobras para não atropelarem os mesmos. Contudo, mesmo numa situação onde também estavam expostos ao perigo, estranhei o modo como os Binacle se portavam. Pelo o que me recordava acerca da espécie, eram bastante territorialistas e sequer gostavam de ficar tão próximos entre si como estavam. Outro ponto era que, mesmo diante dos humanos e com o risco de serem atingidos por aqueles carros modernizados a qualquer momento, eles não demonstravam grande inquietação ou intenção de ataque. Pareciam estar apáticos.

Coloquei a função radar da Pokédex em segundo plano, ativando a câmera da mesma para registrar o cenário atual. Caso não conseguisse entender a situação hoje, talvez analisando as fotografias posteriormente com mais calma conseguisse captar algo que tivesse deixado passar ao vivo. Logo após, alternei para a opção de reconhecimento visando colher dados concretos e catalogados a respeito das curiosas criaturas.

Pokedex escreveu:

Depois que dois Binacle encontram uma pedra de tamanho adequado, eles se aderem a ela e vivem juntos. Eles cooperam para coletar alimentos durante a maré alta. Sem ambos não trabalharem bem juntos, entram em colapso e não são capazes de sobreviver. Dessa forma, quando brigam um deles deixa a rocha e proc...

Sequer prestei atenção nos últimos dizeres do aparelho. Minha atenção foi tomada pelo aplicativo do radar que enviou uma notificação por meio de pop-up, alertando sobre a presença de outros Binacle. Toquei naquela janela, expandindo a visão do radar azulado novamente para verificar melhor aquilo. Os novos selvagens detectados encontravam-se na extremidade superior direita do radar, representados por imagens ainda menores, como se estivessem mais longe do que o raio de identificação podia captar com qualidade o suficiente. Só podia ser daquela direção que estavam vindo.

— Vamos, Vhagar. Teremos que andar um pouco mais.

Ele pareceu decepcionado. Talvez esperasse pela oportunidade de entrar em combate com um daqueles potenciais oponentes. Se não fosse pela feição distante e apática deles, certamente seriam um ótimo desafio para o pequeno Chewtle, que os matinha sob seu olhar atento. Conforme passava pela lateral da rua, visando manter alguma distância dos selvagens, deixei que meus olhos repousassem sobre eles, analisando-os. Foi intrigante o que acabei por perceber. Suas rochas não tinham terminações pontudas ou quebradas igual a apresentada na Pokédex. Eram como se fossem cuidadas e tratadas para terem um aspecto mais bonito, mais... feminino.

Outro aplicativo muito útil para nós que estudávamos os pokémon era um que permitia identificar o gênero da espécie após uma leitura por meio do scanner do aparelho. O conheci na época em que fazia faculdade, usando-o muito em pesquisas de campo e observações até hoje em dia. Fiz uma leitura de cada um dos Binacle presentes, o que precisou de tática e paciência, mas obtive uma conclusão que embora não fosse muito esclarecedora, serviu para apimentar ainda mais o sabor de mistério daquele caso. Todos os Binacle ali foram especificados pela Pokédex como sendo fêmeas.

QUEST ACEITA escreveu:
A infestação (Média)
Recompensa: 100 Bitcoins.
Premissa: Lançar Dado de Evento (Pokémon Selvagem Comum)
Descrição: Os moradores de Seaquanis que residiam próximos aos "olhos d'água" estavam reclamando sobre o anormal surgimento de Binacle em quantidades muito acima do comum pelas zonas mais úmidas. Uma oportunidade perfeita para um cientista marinho pesquisar o que poderia estar levando tantos Pokémon dessa espécie a surgirem pelo local (fosse reprodução exacerbada ou migração) e encontrar uma solução para o problema, que estava começando a atrapalhar o cotidiano de várias famílias.

Resultado Dado de Evento: Pokémon Selvagem/Comum

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Precisei de quinze a vinte minutos para encontrar o local onde estava identificada no radar uma segunda aglomeração dos Binacle. Naquele ponto de Seaquanis os avanços tecnológicos ainda estavam acontecendo, nada comparado ao centro da cidade ou demais pontos turísticos. Haviam reformas, prédios abandonados após a falência de negócios e novos empreendimentos surgindo. Era um local em que a movimentação humana e tecnológica acontecia, mas não frequente e forte o suficiente para impedir que houvesse vida selvagem por ali.

De acordo com a Pokédex, os pokémons rochosos estavam abrigados dentro de um galpão pouco mais em frente. Este não possuia teto e apresentava vários aspectos de abandono, provavelmente sendo antigo lar de apenas mais uma pequena empresa que não lucrou o suficiente. Ouvi alguns gemidos e urros vindos de lá, e apressei meus passos para averiguar o que estava acontecendo. Quando adentrei o prédio, fiquei espantado com o que vi.

Pedaços de cascas estavam espalhados aos montes pelo chão úmido, certamente restos de ovos que abrigavam antes aquelas dezenas de pequenos Binacle que pulavam desesperados de um lado para o outro, fugindo de um adulto da espécie. O mesmo os perseguia e quando conseguia cercar algum, aplicava severos golpes no filhote, matando-o em questão de segundos. Olhando ao redor, notei que já haviam por volta de nove corpos no chão, todos sem vida. Estava prestes a acertar mais um com suas garras quando, por reflexo, o interrompi.

— Vhagar, Water Gun!

O pequeno sequer titubeou. Mirou um jato de água com pressão o suficiente para acertar o opressor e o distanciar dos menores assustados. O pokémon, pego de surpresa, demorou alguns segundos até entender o que estava acontecendo. Nesse meio tempo, consegui unir as peças finais daquele quebra-cabeça.

Mirei a câmera da Pokédex naquele Binacle, obtendo o resultado da verificação de gênero: um macho. Tudo ficou claro. As fêmeas haviam botado seus ovos e ele as expulsou quando estes estavam próximos do momento de eclosão. Esperou então o nascimento dos filhotes e estava executando aqueles que poderiam se tornar ameaças ao seu patriarcado, os outros de sexo masculino. Embora cruel, era um hábito bastante comum entre selvagens de outra espécie. Mas naquele caso... o Binacle parecia estar gostando daquilo, não era uma mera questão de instinto.

Ele recuperou-se do susto de ser atacado repentinamente e logo retomou a compostura. Deu um pequeno salto, o suficiente para perder algumas pequenas pedras de sua rocha quando colidiu contra o chão. Estas, por vez, ficaram envoltas por uma energia amarelada correspondente à presente nos olhos dele agora, sendo transformadas em esferas que não tardaram em ser arremessadas em direção a nós. Provavelmente tratava-se de um Ancient Power. Já não havia mais o que fazer, precisaríamos nos defender e batalhar. Os filhotes refugiavam-se o mais longe possível da confusão.

— Vhagar, use o Protect!

Ele inclinou sua protuberante cabeça para a frente, colocando-se em guarda. Uma espécie de domo protetor nos envolveu, sendo forte o suficiente para bloquear as pedras energizadas que foram atiradas em nós. Sua defesa fora perfeita, mas confiante devido ao êxito, sequer esperou por um outro comando meu. Avançou correndo o mais rápido que suas pequenas patas permitiam, a cabeça arqueada como se pretendesse atingir o Binacle em cheio com um ataque frontal.

— Espere! Mas não adiantou pedir.

O adversário pouco sentiu quando sua rocha foi acertada pelo Headbutt. Vhagar, com toda sua inexperiência e orgulho, não sabia, mas era uma péssima ideia apostar na maioria dos ataques diretos contra pokémons daquela tipagem. O equívoco rendeu-lhe diversos arranhões ocasionados pelo par de garras do Binacle. Era impressionante a velocidade com a qual aquele Fury Swipes era aplicado. O rochoso estava furioso e não pararia de atacar enquanto não fosse interrompido. Tive então uma ideia.

— Se proteja usando o casco, Vhagar! Use o Counter! Minha voz soava bem mais aguda e alterada que o habitual.

Meu coração palpitava forte no peito, minhas mãos suavam frio e estavam bem trêmulas como há muito não ficavam. Já havia corrido de alguns selvagens e até mesmo entrado em pequenos confrontos ao lado de Stellmaria, mas parecia fazer tanto tempo desde o último ocorrido. Fora em Limford? Não lembrava agora.

Vhagar defendia-se dos constantes arranhões tentando usar o casco resistente para se proteger. Quanto mais fosse atacado naquele momento, melhor. O Counter cuidaria de dar o dobro de impacto ao furioso Binacle, o que serviria no minimo para aturdi-lo por alguns instantes.

— Nacle?!

A exclamação veio de trás, da entrada pela qual eu havia passado e me distanciado um pouco. Virei-me para averiguar, e vi a imagem de mais três adultos daquela espécie adentrando o prédio, confusos. Felizmente, suas rochas indicavam serem fêmeas, e, se não houvesse concluído por esse detalhe, teria ficado evidenciado quando o trio desesperou-se ao ver os corpos inertes pelo chão. Alguns dos filhotes ao fundo bradaram, clamando por socorro. As fêmeas também gritaram, fosse de dor pela perda ou ódio. Era algo triste de se ver.

Vhagar ficou pronto para revidar os ataques sofridos, desferindo uma poderosa cabeçada no oponente, fazendo-o recuar alguns metros para trás, completamente abalado pelo golpe. Mais algumas Binacle chegaram, talvez tendo ouvido tantos clamores, e se juntaram ao coro de lamentação e emissão de sons pelo galpão. O problema, ao menos para o macho, foi quando suas feições de dor transformaram-se em expressões de raiva.

Qual tipo de mãe não agiria ao saber que suas crias foram, ou seriam, espancadas até a morte? Não aquelas, percebi. Eram agora quase dez quando cercaram o opressor, ignorando a presença de Vhagar, e deram início ao linchamento. Naquilo eu não podia me envolver. Tentar interrompê-las faria somente com que mais e mais confrontos se iniciassem, e meu intuito ali fora unicamente interromper o massacre que o Binacle iniciara.

Sequer ousei dizer algo ao retornar Vhagar à sua pokéball, apenas virei-me e me distanciei dali, fazendo o caminho inverso que tomara momentos antes. Encontrei mais algumas fêmeas pelo caminho, que se dirigiam rapidamente até o prédio abandonado para checarem o que estava ocorrendo, talvez sendo chamadas pelas outras.

Na entrada do condomínio, apenas algumas criaturas ainda restavam. Aos poucos, começavam a se encaminhar para o lugar onde viviam agora que a ameaça estava contida.

— Fiquem tranquilos, elas irão livrar o lugar até o fim do dia, acredito. Expliquei para um casal que passava, ainda receoso.





Em casa, tomara um longo e revigorante banho. Comi algo também e descansei um pouco após toda aquela agitação. Fora um dia e tanto. Vhagar dormia, merecidamente, em meu sofá e Stellmaria estava comendo um pouco de sua ração. Enchi uma xícara com o chá que havia acabado de coar e sentei-me na cadeira do meu computador. Precisava fazer minhas anotações antes que as conclusões que tirei sobre os Binacle começassem a se tornar mais difíceis de lembrar.

SOBRE OS BINACLE escreveu:
As fêmeas da espécie possuem rochas mais bem cuidadas. Provavelmente talham as mesmas de modo as deixar circular para chamar a atenção dos machos no período de acasalamento. Como muitos outros selvagens, são extremamente protetoras com suas crias e...