[CL] Astros & Fadas

Tiroteio em todo o ambiente, eu estava numa missão perigosa de resgate próximo ao Armazém. Era um dia gélido de domingo, quatro meses antes de iniciar minhas explorações por toda Neo Zenos. Os militares encontraram o principal contrabandista do ramo, suas maldades eram graves, traficar pokémon e vende-los como comida ao mercado negro. Ademais, foi constatado que maus-tratos e condições insalubres marcavam a vida das suas pobres ajudantes, um grupo desgarrado de Pawniards, controlado por um Bisharp.

- Comandante, estou na Ala-B12, posso ver claramente uma rebelião das Pawniards e um espécime maior a punir as líderes da emancipação. - Proferi, chamando a atenção dos oficiais e relatando minha visão acerca dos acontecimentos que eu avistava de uma pequena fresta na vidraçaria do galpão. - Certo, mantenha-se atenta ao ambiente, creio que o chefe fugirá pelos fundos e pode deparar-se com você. - Avisou.

Como esperado, o homem tentava fugir acompanhado de um Bisharp, mas não deixaria-o fugir depois de tudo o que o mesmo aprontou. Mas, acabava desviando minha atenção para uma sacola de pano que o mesmo estava carregando, alguma criatura se remexia lá dentro e estava agonizando de dor. Saquei meu rifle rapidamente, aquele movimento fora suficiente para chamar a atenção do maioral metálico que posicionou-se na minha frente e levaria inúmeros tiros para proteger seu chefe. Por sorte, a polícia e um grandioso Arcanine chegavam para acabar com aquela tensão, um Flamethrower era suficiente para arremessar o noturno para fora do combate e o mesmo fugia sem deixar rastros.

- Diante dos crimes cometidos, você, Vladimir Abraham, está preso em nome da lei e será sentenciado em breve, permaneça calado, pois tudo que falar será utilizado contra si no tribunal. - Proferiu o oficial da justiça, levando aquele homem diretamente ao fundo da viatura, tacando-lhe algemado no veículo. Alguns jornalistas começavam a chegar para investigar o caso, mas eu não estava disposta a satisfazer a impresa e apenas ia na direção da sacola de pano que havia chamado minha atenção anteriormente, estava bem curiosa.

Movia minha mão com cuidado, talvez o que estivesse naquela sacola pudesse me atacar apenas por pensar que eu fosse um dos seus agressores. Tentei acalma-la e logo podia ver que era a pequena Pawniard, não saberia o que aquela dupla iria fazer com a mesma caso eu não chegasse a tempo, mas tentaria reconforta-la ao máximo. - Não se assuste, aquela dupla de monstros já sumiram. - Proferi, trazendo-a para perto, mas a mesma acabava desmaiando em meus braços. Podia ver a monstruosidade que fizeram em si durante alguns anos, a mesma estava muito ferida e um cicatriz enorme em seu olho direito chamava minha atenção.


Faltando poucas horas para chegar em Njorlune, soube que seria realizado o julgamento do chefe do tráfico em tal cidade, mas o mesmo havia fugido. Soquei a janela do metrô, por sorte não quebrava, se não teria problemas com as autoridades. Aproveitava para sumir de cena como a cientista exemplar, a noite de crimes começaria hoje e eu ceifaria a vida daquele homem de uma vez por todas, dessa vez, a polícia não chegaria para poupa-lo. Quando o metrô pousou na estação, já tinha trocado minha roupa casual e estava vestida para matar. Com Pawniard ao meu lado, não temeria nada.

Observei o noticiário pelo meu smartphone, não teria dificuldades para encontrar aquele homem, sabia que o mesmo havia se ferido durante sua fuga e meu olfato aguçado para identificar o sangue estava deixando-me em frenesi. O rastro corria a quilômetros de distância, imaginei que o mesmo estivesse procurando alguma coisa no seu local de comércio que estava interditado desde que o mesmo foi preso. Obviamente, minha parceira pokémon escondia-se atrás das minhas pernas, anos de surra haviam deixado-a traumatizada de encontra-lo mais uma vez, logo eu teria que mata-lo e não me preocuparia com isso, pois faria bem feito.

- Estou me sentindo uma das personagens de Uma Noite de Crime. - Proferi para minha parceira, tentando acalma-la. Não faria uso da mesma no momento, apenas levava um bom rifle familiar para me livrar do criminoso e quanto ao corpo, sumiria misteriosamente por trabalho de algum dos meus contratados. Cheguei até o local que havia conhecido a frágil Pawniard, do meu lado aquele galpão supostamente vazio se encontrava. Notei passadas vindo na nossa direção, com total certeza seria de Vladimir, mas não era. Bisharp que aparecia.

''Será que ambos fizeram as pazes, mas por quê o outro não aparece? Estou sentindo cheiro de sangue, eles haviam voltado a assassinar pokémons?'' Preparei minha arma para ameaçar a criatura bípede, mas o mesmo nem ligava e apenas fugia por uma abertura num muro rachado. Segui até o interior do galpão, a imagem que eu avistava era suficiente para me congelar, estava boquiaberta com aquela reviravolta.

- Oficial?! Encontrei o seu homem, mandei-lhe a localização e sugiro alguns peritos para resolver tal caso. - Proferi, alertando as autoridades, pois poderia sobrar para mim o assassinato daquele homem e até para a assustada Pawniard. Aproveitei as poucas horas que tinha para trocar de uniforme, não poderia deixar que minha pseudônimo aparecesse para as balanças da justiça e apenas faria a linha investigadora séria.

Noite — 18:00 — Njorlune City

Uma longa e cansativa viagem havia marcado minha volta para tal cidade, dessa vez estava por fora das câmeras e parcialmente irreconhecível por alguns antigos companheiros de trabalho. Não seria maluca de explorar aquelas ruas brilhantes de Njorlune depois daquele percurso, seguindo assim para o hotel mais próximo, juntamente da minha companheira e amiga de viagem, a Pawniard. - Nossa, Chloé... Um bom banho quente e uma refeição sofisticada é tudo que preciso agora, para que eu consiga dormir relaxada depois... E você? - Perguntei, levando meus braços para trás num tom meio preguiçoso e esperando uma reação da mesma.

- Niar, n-niar! - Murmurou a pokémon metálica, caminhando na minha frente e indo diretamente até o sofá da recepção, onde esperaria-me finalizar nossa reserva naquele estabelecimento um pouco suspeito. - Então, recepcionista... Gostaria de algum quarto livre nesse hotel, dinheiro não será problema e eu apenas espero uma boa noite de sono. - Proferi, sendo direta e incisiva. A mulher encarava-me com certa ironia, esticando sua mão até o chaveiro e pegando uma das chaves depositadas ali, o incrível D brilhava fortemente naquele objeto, talvez fosse uma brincadeira de mal gosto.

- Desculpe, mademoiselle. Mas nossos hotéis configuram hóspedes de acordo com o rank, caso queira um quarto de luxo, suba de ramo o mais rápido possível, pois até seu dinheiro não valerá. - Falou, bastante ácida e um pouco cruel, talvez ela quisesse receber alguns tiros no seu traseiro velho. Apenas engolia aqueles comentários no seco, pegando a chave na maior delicadeza que um Mudsdale teria e seguindo em passos de ódio até minha ''suíte dos sonhos''. ''Pelo menos uma janta deve ser bem apresentada, à menos que essa psicopata queira que eu coma uma meia velha ou algum Rattata que esteja visitando um dos quartos. '' Pensei, estava furiosa com aquela grosseria gratuita e esperava que o pior ainda estivesse para ser servido, mas relevaria a situação.

Cheguei até um quarto de porta amadeirada e quando enfiei a chave na fechadura, sentia que algo estava estranho, pois a porta já estava destrancada. ''Terei que dividir um quarto com outro treinador? Isso não pode estar acontecendo!'' Me preparei ao pior, mas quando rodei a maçaneta, encontrei apenas uma pequena Ralts a espanar a poeira dos móveis e enxaguar o assoalho também de madeira. Não tardei muito e peguei uma pokébola, lançando-a na direção da pequena serviçal e observava sua corpórea frágil ser absorvida por feixes luminosos advindos do item esférico. - Minha primeira captura?! - Perguntei, estando perplexa pela ausência de fuga.

Minha felicidade não durava muito, a pokémon psíquica não aceitava ficar na esfera, mas duvidei a princípio. Tal pokémon apresentava sinais de ferimento por todo o corpo, estava quase caindo de exausta e a única razão para isso, seria se ela já tivesse um dono. Não tentaria outra captura por enquanto, retirando minha Pokédex da mochila e indo verificar seu IP. Para uma segunda surpresa, a bípede era selvagem e apenas estava trabalhando por ali, não sabia muito sobre o que estava acontecendo, mas pararia seu trabalho por hoje.

- Não sei se trabalha para aquela cascavel, mas por hoje seu expediente acaba e você vai descansar de imediato, deixe que eu continue o serviço por aqui. - Proferi, tomando-lhe os itens de trabalho e conduzindo-a até a porta, deixando-a livre para uma descanso, pois a mesma precisava bem mais do que eu. Enquanto mantinha-me no quarto a teorizar os motivos daqueles ferimentos, Ralts era escoltada até a cozinha pela recepcionista mal-educada. Ralts estava tão cansada que nem conseguiu notar o chute que recebia em sua perna, o cansaço e o susto faziam a mesma perder a consciência em seguida.

- Vadia inútil, não tem vergonha mesmo... Foi tirada da rua, recebe um prato de ração por dia, tem moradia e ainda fica fazendo corpo mole pelo corredor? Comigo não. - Proferiu, retirando uma corda retorcida e surrando as costas da pequena fada que gritava de dor. Estranhei o choro que estava vindo do corredor pelo qual liberei a camareira, sendo assim fui analisar a situação e deparei-me com uma cena nada satisfatória. Tudo estava sendo esclarecido e as feridas tinham uma causa bastante horrenda, Ralts era tratada como uma escrava doméstica e apanhava quando não fazia bem feito.

Me segurei para não entrar em tal cena sozinha e desarmada, mas com total certeza fuzilaria aquela rata grotesca pelas suas atitudes com uma pobre e indefesa criatua. Voltei ao meu quarto para articular algum plano para libertar a pobre Ralts, logo lembrei que ainda não havia jantado e poderia usar de um pedido para sumir com a psíquica num estalar de dedos. Telefonei até a recepção, aquela discagem chamava a atenção da suposta dona do estabelecimento que parava de espancar sua vítima e seguia para ver o que seria. - Queridinha, manda trazer minha janta, Pawniard já deixou nosso pedido na sua mesa e espero que seja rápido. - Provoquei, sendo bastante cínica com aquela mulher e podia observar ela revirando o olho com meu tom debochado, desliguei em seguida.

- Olha aqui... - Voltou até a cozinha onde estava ''disciplinando'' sua empregada e empurrava-a para dentro de uma pia suja, cheia de pratos que estavam sendo limpos pela pokémon esbranquiçada. - A visitante com jeito de patricinha fez uma encomenda e eu espero que você não faça nada de errado, se não eu te pendurarei naquele mesmo cantinho perto da fornalha, você lembra? - Ameaçou, fazendo questão de citar a forma de castigo que seria imposto caso algo saísse dos limites impostos por si. Ralts tremia de medo, apenas.

Alguns minutos se passavam e eu poderia ouvir as rodas do carrinho de serviço, sendo exatamente quem eu esperava a trazer a comida. Mal esperei a mesma estacionar na minha porta e puxava-a para dentro, deixando aquela comida no corredor, pois a situação era mais tensa do que um estômago vazio. - Ralts, você já me ignorou uma vez, mas eu sei o motivo e posso acabar com ele rapidamente caso decida ir comigo... Não tem porque você sofrer mais nas mãos dessa desgraçada, apenas aceite minha oferta. - Proferi, segurando em seus braços e sendo o mais sincera possível, esperava que a mesma reconhece o crime que estava sofrendo.

A psíquica desabava em meus braços, uma parte por conta da fadiga e outra num choro reprimido pela sua patroa, não aguentava mais ser forçada ao extremo por nada e apenas desejava morrer a ter que passar por aquilo por mais alguns dias. Mas, lembrou que sua chefe já iria vasculhar onde a mesma estava escondida depois de tanta demora e tentava correr rumo ao corredor, pois teria afazeres para fazer e não gostaria de ficar pendurada num ferro quente próximo a fornalha como ficava quando era mais nova. Só que eu não deixaria a mesma partir, puxei-a rapidamente e não esperaria conciliação. Retirando uma Poké Ball vazia de minha mochila, triscava o botão do objeto na testa da pokémon e deixava que a mesma sumisse no brilho luminoso da esfera.  Alguns segundos se passavam e a captura era oficializada, sendo Ralts minha segunda companheira daqui para frente.

- Cadê aquela imprestável? Eu vou ter que ser mais rigorosa para que ela aprenda... Ei, você aí, viu onde foi parar aquela Ralts? Não a vejo pelos arredores e estou preocupada. - Resmungou, mas logo que me avistou, voltava com uma feição de mãe preocupada com sua pequena filhinha e esperava uma resposta satisfatória. - Eu vi ela saindo por aquela porta ali, talvez esteja no seu horário de descanso e foi passear. - Menti, apontando na direção de uma saída no fundo do corredor e podia observar o ódio estampado na cara da malfeitora, a mesma nem importava-se comigo e apenas corria o mais rápido que podia em busca de sua ex-escrava.

Com aquela pokémon recém-capturada por mim, decidia chama-la de Balléna e prometeria uma parceria forte com a mesma, depois de tudo que passou nas mãos daquela cobra, Ralts merecia uma longa recuperação e uma terapia intensiva para evitar que traumas continuassem. Quanto a dona do estabelecimento, ela não havia percebido que eu havia condenado sua vida e apenas mandei-lhe até uma saída barrada, onde a mesma havia colocado uma placa indicando perigo pelo desabamento que teve dias atrás. Por estar escuro, a mulher não percebia aonde estava pisando e apenas tropeçava no meio de um gigantesco buraco localizado no quarto andar. Cinco segundos foram necessários para que a mesma se chocasse com o chão de concreto no final do buraco e tivesse todos os seus ossos destruídos com o impacto, morrendo em seguida, ''acidentalmente''.

Sorteio & Offs:

Noite — 18:30 — Njorlune City

Momentos atrás, a maquiavélica atendente caminhava perdida no escuro de seu prédio, parecia conhecer tão bem o ambiente que sequer tinha medo para atravessar qualquer um dos quartos e arredores do seu ambiente familiar, sabia muito bem de tudo que acontecia ali, um instinto único e uma memória sensível, mas perdida em seu ódio e ressentimento, obrigou-se a fazer inúmeras coisas contra o DNA da espécie injetada em seu sangue quando pequena, criando esse monstro vil e ressentido. Mas, era um final feliz para outros.

Sem olhar para onde caminhava e com seu ódio inflado, provocou o ócio da sua preocupação e acovardou-se no seu ressentimento, deixar aquela Ralts maldita fugir seria como uma sensação de vitória para os cientistas que se lembrava constantemente enquanto estava na sala de operação. '' Eu vou pegar essa maldita, vou espanca-la por horas e aí ela vai aprender a nunca mais se esconder de mim, ela merece isso tudo, ela vai me pagar por existir...'' Pensava, enquanto caminhava rumo à foice que cortaria sua vida. Desatenta, apenas um passo restou-lhe para ser puxada ao abismo escuro e sedento que lhe esperava. Seu grito angustiante era abafado por um xingamento profundo contra a pequena psíquica.

Tentou-se agarrar na último fio de vida que tinha, mas nada adiantou-lhe e a mesma apenas era engolida pelo escuro buraco. Alguns segundos foram suficientes para a mesma chocar-se contra o chão de concreto, explodindo-se completamente e virando apenas uma massa gelatinosa coberta de sangue e lascas de ossos. Teria sido tão fácil sua vida se não crescesse amargurada contra a genética da Gardevoir inserida em seu sangue. Mas não traria paz e o único lado bom que lhe restou faria uma conexão final, ela não poderia passar despercebida por ninguém.

Diferentes caminhos de uma mutação levaram-lhe a um poder diferenciado e até essencial para situações letais, mas só poderia ser usado nos segundos decisivos e que lhe levariam a óbito em seguida. Como um Calm Mind utilizado pelos psíquicos mundanos, a velha conectou seus dedos entre si e fechou seus olhos uma última vez, estava prestes a ''transmutar'' sua consciência para outra alma por alguns minutos. Bastou-lhe percorrer o mesmo caminho que trilhou, encontrando a Ralts e sua nova treinadora para incomodarem-nas por um tempo precioso. '' Bem-vindas ao meu show final, a plateia é reservada apenas para vocês e espero que assistam esse flashback intenso.'' Proferiu aquela voz oca.

'' Não se estranhem com nada, eu já conheço vocês, principalmente você Ralts... Me chamo Úrsulla Álvarez de la Fuente, aquela velha terrível que caiu momentos atrás... Sou a verdadeira parte significativa daquele corpo, não se preocupem, pois apenas desejo contar-lhes minha história.'' Aclamou, explicando tudo para as duas companheiras que não entendiam nada do que estava acontecendo. No mundo real, haviam ambas caído no chão e eram amparadas por Pawniard que estava desesperada sem saber o que acontecia.


'' O choque final ocorreu, logo a polícia chegará e eu preciso disfarçar qualquer indício que levou-me a ser a assassina indireta daquela mulher.'' Pensei, entrando no quarto e tentando amparar ambas as companheiras que tinha comigo, no entanto minha visão começava a ficar turva e podia notar que a Ralts também se contorcia, mas Pawniard mantinha-se normal, o que estaria acontecendo? Antes de notar qualquer coisa, apenas desmaiei e era acompanhada por minha recém-capturada pokémon. '' O que está acontecendo?'' Perguntei.

O ambiente era opaco, minha visão limitava-se a forma materializada de Ralts que acompanharia-me naquela aventura pelos reinos misteriosos de uma mente superior no momento. Parecia estar num campo coberto por miasma, minha respiração tornou-se cansativa e eu estava ficando ansiosa naquele lugar coberto por uma fumaça violeta que cobriria todos os arredores. De repente, uma voz estranha convocava-me juntamente da Ralts, eu já havia ouvido-lhe em algum lugar e tentava reconhece-la, mas a mesma fazia questão de nos lembrar quem estava ali e seus motivos.


Um tempo prévio era deixado para que as duas almas distintas pudessem digerir aquela experiência inexplicável, a respiração acelerada e a arritmia cardíaca indicavam muito bem a situação de ambas. '' Não pretendo rogar uma maldição contra nenhuma das duas, mas com meu corpo físico morto e meu lado negativo preso a ele, posso então libertar-me a única fagulha decente que tinha quando viva.'' Explicou, fazendo uma pequena pausa e continuando em seguida. ''Quando nova, fui tomada dos meus familiares para ser objeto de estudo num dos centros de pesquisa de Neo Zenos... Sou uma rata de laboratório tal qual a você, Marselha... E, carrego o mesmo DNA que você Ralts.'' Abordou inicialmente, preparando-se para prosseguir com o restante da sua história.

'' Fui violada constantemente no hospital psiquiátrico da região, visto que a entrada de um corpo estranho em meu organismo, causou-me consequências severas, entre elas a psicopatia e o transtorno de estresse pós-traumático, sendo esses responsáveis pelos inúmeros crimes que cometi contra inúmeras Ralts, Kirlias, Gardevoirs ou Gallades que cruzaram o meu caminho.'' Parou, notando a feição de ódio e medo que a psíquica exalava, Ralts temia aquela mulher e estava odiando conviver com sua algoz naquele ambiente estranho.

Obviamente, era difícil que duas estranhas entendessem seu lado da história, principalmente quando ambas nutriam um certo ódio da mesma enquanto essa estava viva. Mesmo assim, continuaria seu papo e finalizaria sua discussão, deixando as duas companheiras a tomarem suas próprias conclusões ao seu respeito, enquanto partiria para qualquer outro lugar onde sua alma pudesse repousar. '' Provavelmente não acontecerá nada com ambas, a polícia dessa região sabia de tudo que eu fazia ou poderia fazer, por isso não vão interferir em nada e até irão comemorar minha morte, pois eu representava um estorvo para a comunidade falsa e pouco bondosa da lei.'' Parou pela penúltima vez, apresssando-se para despedir-se das duas e desejava compreensão.

'' Marselha, tome cuidado com as consequências de ser uma rata de laboratório, foque seus estudos nisso e não se torne uma humana podre como eu fui... Um dia, elas virão e tomaram tudo de você'' Finalizou, sua voz ia tornando-se embargada quando mais se aproximava do término e finalmente sumia de vez, deixando aquelas informações no ar. A humana e Ralts estavam devastadas, não sabiam se poderiam acreditar naquela bruxa amargurada, seria tudo um plano de vingança para acabar com ambas? Ou pior, seria aquilo tudo uma verdade? '' Não pode ser...'' Pensei, ofegante.


O barulho da sirene nos despertava, o suor frio havia me cobrido completamente e Ralts parecia sofrer, estava essa tendo um ataque de pânico e poderia ficar repulsiva e perigosa. Havíamos recebido muita informação para um momento tão inoportuno, condenando nossa sanidade e levando-nos a crises, principalmente a pobre psíquica que havia sofrido tanto com aquela mulher, não recuperaria-se fácil daquilo tudo e agora travava uma guerra interna. Sua consciência seria forte o bastante para suportar aquela mágoa guardada? Enquanto isso, eu apenas estava paralisada esperando que eu conseguisse superar tudo aquilo, pois os policiais desconfiaria-se bastante daquela nossa reação pós-assassinato. Pawniard seguia sendo a única normal da sala, mas estava muito preocupada com a situação e não sabia quem ajudar primeiramente, mas não ficaria paralisada tal qual suas amigas... Tendo aquele desenrolar de mágoas envoltos sobre as despedidas de uma mulher morta, conseguiriam ambas tomarem controle da situação e evitarem se tornarem suspeitas? Tinham a chance de se agarrar aos pensamentos de policiais inertes em explorações como relatados pela vilã, mas não havia certeza disso e o medo permanecia em suas mentes, reinando de forma maliciosa. A pokémon metálica conseguia encontrar uma Rawst Berry caída próximo a porta, pegando-a em seguida e entregaria-a para sua treinadora quando essa se recobrasse de sua consciência.

Sorteio & Offs:

Noite — 18:50 — Njorlune City